Por Iris Tavares
Maureen Murdock - A Jornada da Heroína
Escrevi A jornada da heroína, há trinta anos, para descrever uma alternativa ao esteriótipo egoíco da jornada do herói masculino, descrito por Joseph Campbell.
A vida das mulheres tem uma mitologia diferente da dos homens.
Desde 1990, a narrativa feminina vem mudando, à medida que as mulheres se voltam a questões de identidade, relacionamento, conexão e empoderamento.
Estamos fazendo uma grande diferença na sociedade, mostrando o que pode ser alcançado quando avançamos juntas.
“A mudança é assustadora, mais onde há medo, há poder. Se aprender-mos a senti-lo sem deixar que ele nos detenha. O medo pode se tornar um aliado , um sinal de que algo pode ser transformado, e enfrentar a resistência à mudança”.
Assim começa um processo de iniciação.
A mulher começa a sua descida, período de ausência de rumo, tristeza e fúria, de busca pelas partes perdidas de si mesmas e de encontro com o feminino sombrio. Essa etapa pode levar semanas, meses ou até anos. Pode envolver um tempo de isolamento voluntário- um período de escuridão e silêncio, de aprendizado da arte de ouvir profundamente te a Si mesmo OUTRA VEZ: de SER em vez de FAZER
O mundo exterior pode encarar esse estágio como depressão, incapacidade.
Após o período de descida, nossa heroína começa, lentamente, a curar a ruptura mãe/filha, essa ferida que ocorreu com a rejeição inicial do feminino.
Essa etapa pode envolver ou não uma cura real da relação entre a mulher e sua mãe.
O certo é que uma cura ocorre dentro da mulher, a medida que ela começa a acolher seu corpo e sua alma, Resgatando seus sentimentos, sua intuição, sua sexualidade, sua criatividade e seu humor.
Pode surgir derrepente uma vontade irresistível de fazer aulas de cerâmica, culinária, jardinagem, de receber uma massagem, de criar um ninho confortável. Para dar luz a projetos criativos, redescobrir o corpo e desfrutar da companhia de outras mulheres
A heroína de hoje precisa usar a espada do discernimento para cortar os laços do ego que a aprisionam ao passado, e assim, descobrir o que é relevante ao propósito de sua alma. Ela deve abrir mão do ressentimento em relação a mãe, deixar de lado a culpa e a idolatria pelo pai e encontrar coragem para encarar a própria escuridão. A mulher ilumina esses espaços escuros dentro de si através da prática como meditação, arte, poesia, brincadeiras, rituais, relacionamentos e escavação da terra.
A missão heroína de hoje é extrair a prata e o ouro dentro de si mesma. Ela precisa desenvolver uma relação interior positiva com o seu homem com coração e encontrar a voz de sua Mulher Sábia para curar seu distanciamento do sagrado feminino.
Ao honrar corpo e alma, assim como sua mente, ela cura a ruptura dentro de si mesma e dentro da cultura.
As mulheres de hoje estão conquistando a coragem de expressar sua visão, a força para estabelecer limites e a disposição para assumir a responsabilidade por si mesmas e pelos outros de uma maneira nova.
Elas recordam as pessoas a respeito de suas origens, da necessidade de viver com consciência e de sua obrigação de preservar a vida na terra.
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