Por Marcelo Moreira
No final de semana passado, fui para Goiânia onde rolou a segunda etapa do brasileiro de motovelocidade. Cheguei na quinta à noite e já no hotel, falei com meu amigo Magrão Sampafotos que estava em Interlagos, São Paulo, para uma etapa do SuperBike. Fiquei pensando sobre o quanto deve ser difícil organizar um campeonato no Brasil, ainda por cima, pós pandemia, e não encontro explicação lógica para marcarem etapas na mesma data, sempre dividindo os pilotos e equipes que querem participar nos dois eventos. Um desserviço ao esporte.
Voltando à Goiânia, na sexta de manhã e, chegando ao autódromo, fui direto pra pista fotografar a novidade que a equipe carioca Center Moto Racing trazia. A nova BMW s1000 M, pilotada pelo Pedro Lins. Feita as imagens, fui almoçar com o Pedro e saber suas primeiras impressões da moto. Com aquela tranquilidade de sempre, Pedro me pediu que não esperasse tempos de volta competitivos neste momento, hora de sentir a máquina e tal... Conversa de piloto.
No primeiro treino da tarde, o piloto dos boxes ao lado, parou e avisou que o nosso piloto, o Pedro, tinha ido ao chão, na frenagem do “S”. Fui com minha moto, pela pista de serviço até o local citado. Primeira informação que a gente busca nessa hora é saber o estado de saúde do rider. Tudo bem com o Pedro, fui olhar melhor a cena da queda. Ainda bem que o piloto largou logo a moto, porque ela bateu nos pneus, passou por cima do guard-rail, atravessou a pista de serviço e acertou a placa de publicidade do evento, lá no alto. Assustador. Resultado foi pt na moto e dores nos dois joelhos, mas piloto quer pilotar. Liberado pelo médico, Pedro foi terceiro no sábado e no domingo, com a moto reserva. Perguntei como ele foi ao chão tão veloz ao ponto de a moto voar?
Entendi que ele estava mais rápido do que de costume naquele trecho, pois a moto nova é mais rápida. Quando tocou no freio, a moto saiu de baixo, de uma vez só. O problema estava aí, as duas motos, a Suzuki GSX R1000R, agora reserva, e a nova BMW S1000M, têm excelentes sistemas de freio, mas funcionam diferentes, pelo menos na percepção do piloto. Na Suzi o piloto podia colocar mais carga nos movimentos, na BMW, Pedro terá que ser menos agressivo.
Tudo isso, são detalhes imperceptíveis aos nossos olhos, mas que fazem toda a diferença entre a vitória e a derrota, sem contar que toda ação deve ser decidida em frações de segundo.
Motovelocistas, podem acreditar, esses caras são de outro planeta.
Mesmo com dores nos joelhos, Pedro conquistou dois terceiros, no fim de semana. Foto: Marcelo Moreira.
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