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O PACIENTE E O DENTISTA

Ao chegarem no consultório, cerca de dez e meia da noite, o cliente professor viu sobre a geladeira uma garrafa de Buckanan’s ...

06/03/2022 às 11h49
Por: Redação Fonte: Acreaovivo.com
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O PACIENTE E O DENTISTA

Por Edir Figueira Marques

No tempo em que o câmbio do dólar estava baixo e que a novidade era a instalação da “zona franca de comércio” na vizinha cidade fronteiriça boliviana, adquiria-se a garrafa de whisky 12 anos a preço de banana. Não do preço da banana atual, que está “pela hora da morte”!

Mais barato que a cerveja importada do sul do país, os apreciadores de um trago ao final do trabalho ou mesmo antes do almoço, para abrir o apetite, tinham sempre um Johnnie Walker, um Chivas, um Buckanan’s ou um Old Parr em seu barzinho na sala de visitas ou sobre a mesa do escritório, para oferecer um legítimo escocês aos clientes especiais.

O juiz da cidade e também professor da universidade, no período noturno, tinha como aluno de Direito um dos dentistas mais competentes do lugar, que, além disso, era um dos grandes amigos, entre inúmeros com quem se relacionava.

Um dia, o professor precisou dos serviços profissionais do odontólogo aluno e amigo. Ambos muito ocupados, combinaram de ter um horário extra no consultório, após as aulas noturnas.

Ao chegarem no consultório, cerca de dez e meia da noite, o cliente professor viu sobre a geladeira uma garrafa de Buckanan’s e foi logo dizendo:

- Doutor, enquanto você se organiza, me dê uma dose de seu whisky para eu relaxar após um dia estafante de trabalho.

É claro que foi atendido em seu justo pedido!

Enquanto conversavam, o juiz sugeriu:

-Tome também uma dose comigo!

Ao que o dentista retrucou:

- Não doutor, estou em serviço. Não posso fazer isso!

Mas, diante da insistência, acabou por concordar e a conversa entre os dois foi ficando animada, pois não se restringiram a apenas uma dose.

Até que o dentista falou:

- Bem, já está ficando tarde. Vamos ver o seu dente!

O professor, que tremia de medo de tratamento dentário, só quis uma desculpa e contestou, de imediato:

- De maneira nenhuma! Acha que vou entregar minha boca a um dentista bêbado?

Não foi desta vez, que o juiz professor se livrou da dor de dentes, mas saiu satisfeito depois de uma excelente prosa entre dois homens inteligentes e cultos, aos quais nunca faltou assunto para uma noitada regada a whisky!

O dentista, que também exercia o jornalismo, mantendo uma coluna nos jornais locais, se formou em Direito e foi um excelente advogado até o fim de seus dias!

E o juiz professor tornou-se desembargador do Tribunal de Justiça e cumpriu vinte e oito anos de magistério superior na Universidade que ajudou a fundar em 1965. Mas esta é outra linda e séria história que precisa ser contada!

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