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Até aonde podemos ir?

Os resultados da política genocida e de desprezo pela vida estão escancarados para quem ainda preserva um pouco de sanidade

13/10/2021 às 16h49 Atualizada em 14/10/2021 às 10h21
Por: Redação Fonte: Acreaovivo.com
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Presidente da República Jair Messias Bolsonaro.
Presidente da República Jair Messias Bolsonaro.

Por Jairo Lima

No dia 19 de dezembro de 2020 o presidente da República divulgou mensagem caseira sugerindo que a pandemia estava no fim. Naquele dia morreram 823 brasileiros por covid-19 e a média móvel de óbitos era de 745. O número acumulado era de 186.365 mortes e de 7.212.670 contaminados. Em abril alcançamos as piores marcas: 4.195 mortes diárias (06/04/21) e média móvel de óbitos de 3.124 (12/04/2021). Depois de dez meses e muita desinformação, negação, boicote e um esforço irracional para joga os brasileiros no precipício, alcançamos a marca trágica de 601.398 mortos (12/10/21). Testemunhar este cenário é estarrecedor. Não se deixar contaminar pelo vírus da doença e pelo vírus da mentira e do descaso é um exercício cotidiano de elevação dos valores sanitários e de cidadania.

Nestes dez meses tivemos ainda o apoio e a divulgação de mentiras sobre tratamento comprovadamente ineficaz, incentivo à contaminação e falta de medicamentos. Também houve a busca por novos focos de intrigas e brigas. Até fechar o Congresso, o STF e ameaças de golpe para impor políticas negacionistas serviram como “cortina de fumaça” para desviar a atenção e tentar encobrir o desastre que se instalava por aqui.

Os resultados da política genocida e de desprezo pela vida estão escancarados para quem ainda preserva um pouco de sanidade. A população brasileira representa 2,75% da população mundial e registra 12,4% dos mortos pela covid-19. Enquanto a taxa de mortalidade mundial é da ordem de 0,06%, no Brasil ela representa 2,6%. Afora os milhões de brasileiros comprometidos com sequelas da doença. Estes números frios representam o tamanho da incompetência do nosso governo no enfrentamento da pandemia e a sua incapacidade em nos defender da tragédia.

Os dados para a economia também não diferem. De algum modo todos foram afetados pela pandemia, mas aqui o impacto parece maior. Previsões de mercado indicam que o crescimento da nossa economia nos próximos meses será o menor dentre as 20 maiores economias. Neste item perdemos também para países da América do Sul como Chile, Argentina e Uruguai. Irradiando os dados para outros setores – educação, produção, indústria, serviços – os resultados são desastrosos.

Apesar do cenário devastador, o atual presidente insiste em boicotar a ciência e insulta a nossa inteligência com mentiras, insinuações e desinformações. Ele não parece capaz de mover um dedo para ajudar os brasileiros. Pelo contrário, apega-se à infelicidade congênita e estimula outros tantos a acompanhá-lo.

A chegada das vacinas confirmou o verdadeiro caminho a seguir para combater a doença. A CPI mostrou os reais interesses difusos por trás daquela pantomima mambembe de circo de quinta categoria. Tudo devidamente ajustado para nos colocar reféns de um pequeno grupo de oportunistas e aproveitadores. Nomes poderosos da política, do mercado, da indústria, dos serviços e até da religião reunidos numa confraria canalha para ganhar e ganhar muito com o sofrimento dos brasileiros.

Brasileiros desassistidos e morrendo por falta de assistência médica ou por adução de tratamentos experimentais e ineficazes não foram suficientes para aquela gente. Brasileiros desempregados e a expansão da pobreza não foi suficiente. Brasileiros em permanentes conflitos e mobilizados em embates sem sentido parece pouco. Brasileiros catando carcaça de ossos, pés de galinhas e sobras de peixes como base alimentar é escárnio.

Explicar os argumentos que justificam os sucessivos aumentos dos combustíveis, dos alimentos e da inflação não ajuda as pessoas na sua tarefa de sobreviver. Da mesma forma, confrontar fatos e realidade parece fidelizar o fanatismo. Tudo isso ilustra aonde chegamos e, neste caso, incomodar-se é pouco. Tarefa difícil enfrentar a ignorância.

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