Por Renata Dal-Bó
Se tem uma classe que sofreu uma mudança de 180 graus por causa da Covid-19, foi a dos professores. A pandemia transformou todo o processo de ensino/aprendizagem e os professores tiveram que se adaptar do dia para a noite para dar conta desta nova realidade. Eu, como mãe, só tenho que agradecer aos educadores, que tiveram que se reinventar e usar a tecnologia a favor da construção de novas propostas de aprendizagem significativas para nossos filhos.
Por isso, a declaração, infeliz e descabida, feita pelo deputado federal Ricardo Barros (Progressistas), líder do governo na Câmara dos Deputados, criticando a classe de professores ao afirmar que “só o professor não quer trabalhar na pandemia”, me deixou absolutamente revoltada e, o mínimo que posso fazer, é escrever contra este absurdo.
No pior momento da pandemia, com quase 400 mil mortos, ouvir uma declaração dessas é realmente ultrajante. Como mãe e cidadã venho acompanhando desde o início da pandemia o esforço que os professores e alunos vêm fazendo para se adaptar a este “novo normal”. É claro que não foi e não está sendo fácil para ninguém ter que mudar toda uma rotina de trabalho e estudo para dar conta da nova realidade. Muitas vezes é estafante, pois os resultados nem sempre são positivos. Aprender a administrar os desafios tem sido penoso, os efeitos colaterais são diversos, levando muitas vezes os professores a um esgotamento psíquico, que reflete na sala de aula.
Há pouco mais de um ano os professores e alunos fizeram um esforço hercúleo para migrar do ensino presencial para o on line, exigindo de ambas as partes um conhecimento que não se tinha. Centenas de questionamentos sem respostas vieram à tona: “Como ensinar/aprender de forma on line? Como deixar os alunos interessados nas aulas? Como manter a interação estando cada um na sua casa? Como fazer que os alunos aprendam sem ter um feedback mais assertivo?”
Desde o início da pandemia, a forma de ensino mudou e nunca mais será a mesma, hoje temos aulas presenciais, híbridas (meio on line, meio presencial) e totalmente on line. Isso exige do professor um esforço hercúleo de adaptação e organização, demandando horas a mais de trabalho. Mesmo assim, estamos longe (professores, pais e alunos) de achar uma fórmula ideal, o principal é ter iniciativa, aprender com os erros e acertos, valorizando a experimentação.
Em tempos como este, sentimos na pele a importância de ter cuidado uns com os outros. O que afeta um, afeta todos. O que precisamos é de transformar a educação, seja, presencial, híbrida ou on line, em um instrumento de aprendizagem social e de socialização humana, de afeto, de cuidado e ajuda mútua, de colaboração, de solução de problemas em comum, um espaço de diálogo, de liberdade, de auto expressão, de criatividade, de descoberta e realização. E para isso o comprometimento do professor tem sido fundamental, por isso precisamos respeitá-lo, valorizá-lo pela coragem de continuar buscando estratégias para melhorar o processo educacional em meio a tantos desafios diários. Pais e filhos agradecem!
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