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Cultura Literatura feminina

AJEB | Prescrito

Quem inaugura a coluna é a escritora acreana Cecília Ugaldi

28/04/2021 às 07h37 Atualizada em 28/04/2021 às 15h13
Por: Redação Fonte: Acreaovivo.com
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SOBRE A AJEB

A Associação das Jornalistas e Escritoras do Brasil – AJEB é uma instituição nacional cinquentenária e que tem uma coordenadoria no Acre, com o objetivo de reunir mulheres JORNALISTAS e ESCRITORAS para a divulgação de uma literatura produzida sob o olhar feminino, com foco na história da mulher acreana; e oferecer novas oportunidades para debates, estudos e pesquisas de temas de interesse feminino, com um discurso elaborado, da e pela mulher.

MULHERES EXCLUÍDAS

Nossa presença na literatura brasileira e no cenário cultural acreano é recente. Todavia, vale citar o estudo pioneiro sobre a mulher escritora no Estado do Acre, efetuado pela acadêmica Margarete Edul Prado Lopes, publicado em 2008, sob o título AS VOZES FEMININAS DA FLORESTA.

“As mulheres no Acre foram sempre excluídas e silenciadas”, afirma a autora.

LITERATURA FEMININA

No entanto, interessante destacar que em 1913, em Xapuri existiu um jornal só de mulheres, o Talismã, em que publicavam cartas, poemas e contos.

Mas, enquanto os homens já escreviam romances em 1922, as mulheres, com muita dificuldade, somente na década de 1980 começaram a publicar suas produções.

É na década de 1990, que desponta uma produção expressiva de autoria feminina. A primeira mulher romancista, no Acre, foi Florentina Esteves, que, nos anos noventa, publicou um livro em prosa, denominado O EMPATE, informa LOPES.

Houve duas revistas, a Revista N’Ativa, que surgiu em 1995, e teve poucos números, mas contou com significativa contribuição das mulheres, com apoio da Fundação Municipal Garibaldi Brasil; e a Revista Outras Palavras, produzida pela Fundação Elias Mansour, que lançou 19 números, entre 1999 e 2002.

Na análise de Margarete, “se grande parte das autoras da década de 80 ainda produz um discurso de continuidade da cultura patriarcal, as vozes de Florentina Esteves, Vássia Vanessa e Francis Mary se erguem na Revista Outras Palavras e em outros meios de comunicação impressa, para denunciar a história silenciada das mulheres. São contos e poemas nos quais a mulher se pronuncia e se revela parte do processo histórico de formação do Acre”.

No atual milênio, a divulgação on-line favorece a publicação e vemos surgir sites, blogs e publicações do Clube dos Autores, com poemas em profusão de Celia de Paula, Deise Torres, Cecilia Ugalde, Maze Oliver e tantas outras.

ESPAÇO FEMININO

Com o espaço aberto pelo no jornal eletrônico ACREAOVIVO.COM, estamos abrindo novas possibilidades, alargando a fronteira, enriquecendo a literatura acreana com uma nova e sui generis visão da história, dos sentimentos, dos enfoques que, muitas vezes, só são percebidos pela alma de sexo nada frágil.

Associadas ou não, escritoras e jornalistas, que queiram manifestar suas ideias e sua arte literária, serão bem vindas neste espaço semanal.

CECÍLIA UGALDE

Quem inaugura a coluna “Escritoras e Jornalistas em Pauta” é a escritora acreana Cecília Ugalde. Ela é Mestranda em Educação Profissional e Tecnológica, secretária executiva, licenciada em Letras/Português, especialista em gestão de políticas públicas, escritora (contista, cronista e poetisa).

A obra

A primeira obra de Cecília “Retalhos D’Alma” expressa uma multidão de sentimentos e ambiente bucólico, locus de uma alma retalhada pelos vendavais da vida.

Vamos conferir?

PRESCRITO

Por Cecília Ugalde

Quando você foi embora...
Minha alma chorou o pranto que você nunca vai secar
E senti o frio da solidão me embrulhar na noite escura
Com o coração despedaçado a sangrar de amargura,
No rio de lágrimas que chorei, não pude me levantar.

 Quando você foi embora...
De joelhos, supliquei aos céus que de mim tivesse compaixão
E como a noite espera o brilho da lua para dissipar a escuridão
Eu sequer vi passar as horas na esperança de você chegar
Com a porta aberta, esperei em vão você voltar pra mim.

 Quando você foi embora...
Quis ser um pássaro e nas asas do tempo até você chegar,
Uma estrela guia que me apontasse a direção do teu olhar,
Um punhado de vento que me trouxesse o teu perfume,
Ser o frágil beija-flor para em teus lábios pousar
E até roupa que tu vestes, para poder te abraçar.

 Quando você foi embora...
Gritei seu nome ao mundo que corre em demasia
E com o rosto envolto em lágrimas ardentes de agonia
Vi a calda do tempo dobrando a esquina do futuro
E trilhei os caminhos onde você não existe mais.

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