Por Jairo Lima
Os tempos das redes sociais são facilitadores da vida moderna e ninguém discorda. A necessidade de confinamento e afastamento social transformou as conversas digitais em janelas entre vizinhos. Todos agora são vizinhos e isso é bom. Por outro lado, as mesmas redes, deixam-nos à mercê do espectro de valores e de caráteres alheios. E aí mora o perigo. O volume e a diversidade de posts são maiores do que a nossa capacidade de depurar, filtrar, assimilar. E salada com frutas demais, azeda.
Dependemos muitas vezes da credibilidade da fonte. Aceitar ou não, acreditar ou não tem relação direta com o emissário da notícia. E quando esse emissário não checa a notícia? Quando ele despreza os princípios que regulam os caminhos da boa convivência, da boa relação? E quando ele não se importa com a mentira? Ou pior: e quando ele convive bem com a mentira?
Interpretar e analisar informações, fazer as devidas conexões para convertê-las em conhecimento e integrá-las à luz da realidade carecem de algum sentido básico de vida, de ciência, de humanismo. E desta forma vamos sucumbindo no lodo das mentiras, das falas desidratadas de conteúdo. Deparamo-nos então com a raiva desmedida e a falta de respeito.
Ao confrontar tanta ignomínia, chega-se ao lugar comum da aridez de argumentos: mas e o PT? As esquerdas malditas? Vai para Cuba. E há os piores clichês: “aceita que dói menos”. Eu não sinto dor. Eu sinto pena. Pena pelos muitos brasileiros que tombam todos os dias. Pena pelos desassistidos sem oxigênio para respirar. Pena pelos trabalhadores em saúde que, apesar de tantas carências (faltam remédios, EPIs, instalações, equipamentos, e até salários), despontam como os verdadeiros heróis nesta jornada. Pena pela falta de vacinas e pela calamidade gerencial que assola o nosso país. Eu tenho muita pena do Brasil.
Mín. 21° Máx. 28°