O dia internacional das mulheres é um marco especial para homenagear as mulheres e suas lutas ao longo da História.
É um dia para celebrar o fato de que cada vez mais as mulheres estão conquistando espaços e reconhecimento através de sua capacidade de lidar com todos os desafios humanos, sejam familiares, sociais e políticos.
É um dia para honrar o poder das mulheres de gerar vida, de alimentar sonhos, de expressar emoções e de enternecer o mundo.
É um dia para nos lembrarmos que fomos acolhidos no útero de uma mulher, a nossa primeira casa. Que jamais nos esqueçamos que nossa vida começou dentro de uma mulher.
E lembrar que o sustento para nossa vida se desenvolver veio através de uma mulher, primeiro pelo cordão umbilical, depois pelo seu seio. Foi assim aprendemos para sempre a nos sustentar numa mulher. Nos alimentamos delas e nelas.
Nesse dia também precisamos refletir sobre nosso atual modelo de sociedade humana, cujos referenciais de competição, de dominação e de luta pelo poder torna os desafios cotidianos maiores e mais pesados para as mulheres.
Mas, acima de tudo, é um dia para valorizarmos o princípio feminino em nós.
Isso nos leva ao que é essencial. Cada um de nós é filho de uma mulher e um homem, em cada um de nós existe o potencial de desenvolver plena e equilibradamente as forças e virtudes tanto do princípio feminino quanto do princípio masculino.
Cada pessoa traz consigo, potencialmente, as forças e virtudes tanto do princípio masculino, tais como objetividade e impulso para a ação, quanto do princípio feminino, como sabedoria e sensibilidade para equilibrar os relacionamentos humanos e ter propósito nas realizações.
Se nosso atual modelo de sociedade humana se baseia na competição, na dominação e na luta pelo poder, isso acontece porque os potenciais do princípio masculino foram valorizados de modo exacerbado e desequilibrado em relação aos potenciais do princípio feminino.
Desenvolver o princípio feminino em nós, tanto em mulheres quanto em homens, significa perceber que apesar de todo nosso desejo de nos definirmos como seres racionais, nossos comportamentos e nossas escolhas individuais e coletivas continuam sendo comandadas pelo reino das emoções. E esse reino só pode ser acessado pelas forças da sensibilidade, da intuição, do acolhimento, da receptividade. Então valorizar o princípio feminino em nós é abrir uma porta para a clareza e o equilíbrio entre pensamentos e sentimentos, entre razão e emoção, entre objetividade e intuição, entre ação e entrega.
Valorizar em cada um de nós o princípio feminino é compreender que a presença equilibrada desses dois princípios é o que permite o desenvolvimento de todo nosso potencial humano individual, assim como de uma sociedade com mais parceria do que dominação, mais confiança do que medo, mais criatividade do que submissão, mais plenitude do que carência, mais acolhimento do que intimidação.
Então hoje é um dia para refletirmos sobre nossa relação com o feminino e percebermos o quanto os potenciais desse princípio tem sido relegados em nosso modelo de sociedade.
Também precisamos admitir que o ser humano só reconhece e respeita no exterior aquilo que percebe em si, no seu interior. Então, que nesse dia, cada um de nós, homem ou mulher, possa abrir os olhos e ver que tem dentro de si forças e virtudes como a intuição, o acolhimento, a emocionalidade e a doação, que são essenciais para construir propósito e dar sentido maior às nossas realizações no mundo.
Se verdadeiramente fizermos essas reflexões, o dia internacional da mulher pode ser o começo de um tempo em que todos nós, homens e mulheres, resgataremos toda força e todo poder que cada ser humano pode acessar através do princípio feminino.
Se isso acontecer, o futuro poderá ser um lugar onde a intuição, a sensitividade, a expressão emocional e a vulnerabilidade humana não precisem mais se ocultar nas sombras da vergonha e do medo de serem ironizadas ou julgadas, porque serão reconhecidas como dons humanos que acionam força de transformação e poder criativo.
Tanto homens quanto mulheres poderão desenvolver sua capacidade de acolhimento, de receptividade e de cooperação, pois todos compreenderemos que evoluir juntos é mais poderoso e gratificante que crescer sozinhos.
Que homens e mulheres compreendam que o ser humano só pode construir uma vida criativa, realizadora e harmoniosa se o masculino e o feminino internos se desenvolverem de forma equilibrada. Que cada pessoa perceba que pode ter um casamento interno entre seu masculino e seu feminino, integrando suas capacidades de prazer, de alegria, de criatividade, de lógica, de movimento e de realização.
Quando cada um equilibrar seus princípios masculino e feminino, homens e mulheres poderão dançar com harmonia e respeito, um reconhecendo o valor do outro.
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Luciano Trindade é Advogado e Constelador Sistêmico
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