A sensação térmica na moto: temperatura e velocidade

Conduzir a motocicleta no verão pode ser um descanso. O vento vai fazer você esquecer rapidamente o calor e substituí-lo por algo legal. O problema é que no inverno a mesma coisa acontecerá, só que você passará de frio a muito mais frio.

A sensação térmica da moto no inverno pode ser devastadora devido ao efeito do vento. Tanto é assim que a 60 quilômetros por hora, uma temperatura ambiente de 12 graus célsius se torna seis graus e se for zero graus, será como estar em -19 graus.

A combinação da temperatura e do vento no inverno faz com que o frio seja o seu companheiro de viagem, quer você queira ou não. Para calcular exatamente o calor ou o frio que você sentirá, se utiliza um coeficiente que mede o fator de resfriamento pelo vento em função da temperatura ambiente e da velocidade do vento.

A seguinte tabela de Formulamoto resume a situação e a sensação térmica na moto, dependendo da velocidade com que você pilote, para que você tenha mais clareza.

E a tabela seguinte, que nos vem de Motorpasión Moto, resume a situação e acrescenta o perigo que supõe para nossa saúde.

Não só por causa do frio que você vai passar, mas também por causa do risco envolvido, é importante que você se agasalhe adequadamente ao dirigir sua moto no inverno e investir em um equipamento de qualidade, mesmo que isso custe um pouco mais.

O fator de resfriamento do vento (fator Windchill)

Para entender melhor essas tabelas, é conveniente explicar um pouco mais detalhadamente o que é o fator do vento ou fator Windchill, como é chamado em inglês. É um coeficiente que mede a potência de resfriamento do ar na pele, levando em consideração dois aspectos: a temperatura ambiente e a velocidade do vento. No momento de fazer o cálculo, outros aspectos que seriam fatores corretivos, como umidade relativa, altitude ou quantidade de sol, são eliminados.

A fórmula para a sensação térmica na motocicleta é a seguinte: K = (10,45 + 10 [raiz quadrada de V] [/ raiz] - V) (33 - T)

onde:

K - é o calor perdido por 1m2 de pele em 1 hora (em quilogramas de grama calórica)

V - é a velocidade do vento (em m / s)

T - é a temperatura do ar ambiente (em ºC)

Qual equipamento levar em cada momento?

Em questões de frio, cada pessoa é um mundo. Nem todas as pessoas toleram o frio de igual forma, como também existem aqueles que não suportam o calor. Por essa razão, as tabelas sobre a sensação térmica na motocicleta são orientativas, embora seja claro que no inverno será necessário ir mais agasalhado que no verão. No entanto, existe um tipo de equipamento mais usual ou recomendável para cada período do ano.

Para começar, o uso que você vai fazer da motocicleta será a chave para escolher o seu equipamento. Neste artigo explicamos as diferenças entre dirigir na estrada, fazê-lo em uma cidade, em um circuito ou no campo.

A partir disso, no inverno, você terá que procurar roupas mais quentes. Um dos erros mais comuns é pensar que quanto mais roupas, melhor. Nada está mais longe da realidade. Se você usar muitas camadas, perderá muita mobilidade e isso poderá afetar sua segurança. Uma boa medida é usar roupas térmicas como segunda pele, às quais podemos acrescentar uma segunda camada de lã se formos lugares mais frios. No entanto, as roupas que você mais precisa olhar são as externas: a jaqueta e as calças. Estes serão responsáveis por 50% do frio que você pode sentir.

Há roupas especificamente projetadas para os dias mais frios com forros internos, proteções e todos os tipos de comodidades para se ajustar ao seu corpo e evitar a entrada de ar. Roupas impermeáveis de cordura são sempre as mais recomendáveis.

Além disso, você não deve esquecer de usar luvas específicas, especialmente as impermeáveis, para o inverno e meias térmicas.

E no verão?

No verão, você não deve ser guiado apenas pelo calor. A segurança também conta e precisamente para pilotar com as garantias máximas, há roupas técnicas expressamente projetadas para o calor.

Pilotando nas Cordilheiras dos Andes

A partir do Acre em direção ao Oceano Pacífico, através da fronteira peruana, os pilotos podem enfrentar grandes diferenças de temperatura em poucos quilômetros percorridos através do conjunto de estradas denominadas de Interoceânica e que corta aquele país, além da altercação na pressão devido à grande altitude das cordilheiras dos Andes.

“Nas viagens saindo do Acre para o Peru, sempre paro em duas cidadelas antes de cruzar os picos mais altos das estradas que levam a Cusco ou a Puno para vestir roupas de inverno. Se a viagem for pela via que leva a Cusco, o ponto de parada é em LimacPunko que está a 2.200 metros sobre o nível do mar e 54km depois de Quincemil. Pilotar até lá é tranquilo e confortável com roupas de verão, mas depois dali a subida é intensa e em apenas 44km, após já cruzarmos Marcapata com seus 3.000msnm, passamos por Abra Pirhuayani com seus 4.725msnm. Já se o caminho é em direção a Juliaca, cidade entroncamento que leva a Puno ou a Arequipa, sempre paro num ótimo restaurante na vila Urohuasi, a 2.000msnm, 30km depois de San Gaban. Em apenas 84km dali cruzaremos o Abra Oquepuño com seus impressionantes 4.872msnm. Em qualquer dessas opções a sensação térmica é sempre inferior a zero grau e seguindo nos altiplanos nas Cordilheiras, o piloto deve estar muito bem agasalhado para que sua viagem siga tranquila”,  orienta Cassiano Marques de Oliveira, proprietário da EME Amazônia Turismo e experiente moto condutor por países da América do Sul.

Vale a pena conhecer e se aventurar, não se esquecendo do agasalho correto para enfrentar as intempéries da natureza.