Em Belém, mais de 5 toneladas de açaí são consumidas todos os dias, mas a maioria dos caroços são descartados, sem reaproveitamento. Inspirada nesse cenário, a influenciadora Dina Carmona utilizou mais de 13 mil caroços de açaí para criar um vestido.
A peça, confeccionada de forma totalmente manual junto com a artesã Tânia Amaral e o styling Neto Navarro, ao longo de dois meses, vestiu a empreendedora no Festival de Parintins, no Amazonas, no fim de junho. Dina destacou que a criação representa a Amazônia viva. "É sustentabilidade, é a nossa identidade transformada em arte", frisou.
Dina Carmona cita que os povos da Amazônia vivem de acordo com a floresta e o açaí faz parte da cultura local. No ano da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém, em novembro, Dina chama atenção para todo o conhecimento ancestral presente na Amazônia.
Dina começou a criar contéudo nas redes sociais em 2010, com foco em moda. Na pandemia, em 2020, a paraense se atentou que mora na maior floresta e no maior rio do mundo (a Amazônia e Rio Amazonas, respectivamente). Então, ela começou a criar conteúdos sobre essa realidade. "Querem contar a nossa história. Nos dizem a vida inteira que nada daqui presta e nós crescemos com essa baixa autoestima", relata.
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"Muitas vezes temos que explicar quem nós somos. Sempre se fala de diversidade, mas pouco sobre as pessoas nortistas. E isso acarreta muitos problemas internos aqui. Quando não temos autoestima, nós não temos protagonismo", emenda Dina.
Pensando nisso, ela criou o projeto Mulheres Fortes do Norte para unir ancestralidade e sustentabilidade e dar voz às mulheres nortistas. "Me tornei um verdadeiro hub de marcas autorais da Amazônia. Eu viajo o Norte inteiro, mostrando empreendedores. Esse é o movimento do Mulheres Fortes do Norte. Ele começou para dar visibilidade a mulheres nortistas para que possamos ser pauta, para termos mais voz. Nesse protagonismo, a gente se conhecer mais, porque nós somos continentais", destaca.
"A nossa relação com a ancestralidade e a sustentabilidade é muito sobre o resgate da nossa real identidade. A minha família, por exemplo, é do Marajó, de Curralinho. Isso tem muita força. Minha bisavó era indígena. E ser sustentável é entender o nosso ecossistema. Sempre falam da Amazônia pessoas que nunca nem sequer pisaram aqui. Quando falam de Amazônia pensam só no meio ambiente e na biodiversidade, quando nós, povos da floresta, é que mantemos ela de pé.", acrescenta.
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