O Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE-AC) sediou, na quarta-feira, 2 de julho, uma reunião emergencial promovida pelo movimento social de mulheres, com o objetivo de debater estratégias de enfrentamento às violências contra as mulheres e ao feminicídio no estado. O encontro reuniu lideranças femininas, representantes de coletivos, entidades da sociedade civil e instituições públicas comprometidas com a defesa dos direitos das mulheres.
A mobilização reflete a crescente preocupação com os alarmantes índices de violência de gênero registrados no Acre e a necessidade de ações integradas e efetivas por parte do poder público e da sociedade civil. A iniciativa busca construir uma agenda coletiva de enfrentamento à violência, com propostas voltadas à prevenção, acolhimento e responsabilização dos agressores.
Durante a reunião, a presidente do TCE-AC, conselheira Dulce Benício, destacou a responsabilidade institucional e social do Tribunal no enfrentamento à violência de gênero. Em sua fala à imprensa, Dulce anunciou a criação da campanha “SOS Mulheres do Acre”, que será desenvolvida em parceria com a Escola de Contas do TCE e a Defensoria Pública do Estado.
“Nós vamos lançar a campanha ‘SOS Mulheres do Acre’ e levá-la além das fronteiras do estado. É uma convocação coletiva para a sociedade se levantar contra todas as formas de violência que adoecem as mulheres e as famílias. Precisamos unir instituições, artistas, universidades, influenciadores digitais e todos os que formam opinião, porque não é mais apenas uma questão institucional: é um dever moral coletivo”, declarou a presidente.
Dulce ressaltou ainda a urgência de ações educativas com foco na igualdade de gênero, no acolhimento das vítimas e na formação de profissionais capacitados para o atendimento humanizado. Ela reforçou que a violência não atinge apenas as mulheres em situação conjugal, mas também idosas, meninas, mães, filhas, em diversos contextos sociais.
Voz das vítimas: “Hoje foi minha filha, amanhã pode ser outra”
Um dos momentos mais emocionantes da reunião foi o depoimento do senhor Francisco Alberto, pai de Juliana, jovem vítima de uma agressão brutal que comoveu o estado.
“Estamos devastados. O que fizeram com a minha filha foi uma crueldade sem tamanho. Ela foi agredida, atropelada. E ainda tentam justificar a violência. Não há justificativa. A sociedade precisa se levantar. Hoje foi com a Juliana, mas amanhã pode ser com outra mulher. Precisamos dar um basta nisso”, desabafou.
Participações institucionais
Além da presença de lideranças dos movimentos sociais, a reunião contou com a participação da defensora pública-geral do Acre, Juliana Marques, da subdefensora-geral de Gestão Administrativa, Simone Santiago, e da subdefensora-geral Institucional, Thaís Araújo, que reforçaram o compromisso da Defensoria com o fortalecimento das políticas de proteção às mulheres e com a articulação interinstitucional.
União pela vida das mulheres
A presidente Dulce finalizou conclamando todas as mulheres presentes — e todas as instituições — a se unirem em torno da campanha, com o objetivo de denunciar e romper o ciclo da violência:
“Vamos dizer à sociedade e às mulheres: esses direitos são seus! Chega de silêncio, chega de omissão. O Acre precisa se levantar. Vamos lançar aqui, a partir do Tribunal, o grito de socorro das mulheres do nosso estado”.
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