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Quem sou eu ? Por Eduardo Figueira Marques de Oliveira

Eu não imaginava como seria ter 60 anos de idade. Acho que nem pensei sobre isso, durante a minha existência.

08/06/2025 às 15h49 Atualizada em 08/06/2025 às 15h58
Por: Redação Fonte: Redação
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Quem sou eu ? Por Eduardo Figueira Marques de Oliveira


Por Eduardo Figueira Marques de Oliveira

Quando atingi as seis décadas de existência, nem comemorei. Estava jururu. E quem me conhece sabe que adoro uma festa. Eu tinha atravessado um problema sério de saúde, mas não era isso que me incomodava. Estava aposentado e a minha vida, simplesmente, não fazia sentido. Primeiro, que eu não imaginava como seria ter 60 anos de idade. Acho que nem pensei sobre isso, durante a minha existência. Segundo, eu imaginava que a aposentadoria era ficar de papo pro ar, viajar, dormir e acordar no horário que quisesse, não usar mais paletó, enfim, não ter disciplina e levar a vida sem compromisso.
Pancada!
Comecei a ficar, então, bem irrequieto e incomodado. Fui logo diagnosticado com Transtorno de Ansiedade Generalizada. Precisei tomar remédios e retornar à terapia. Eu sabia que era ansioso. Mas, que droga, ansiedade generalizada quando eu estou aposentado?
Pois é!
O trabalho, a rotina, a responsabilidade, o tempo tomado por compromissos profissionais faziam com que eu gastasse a ansiedade. Daí que as grandes empresas, aquelas que já sacaram isso, adoram profissionais altamente ansiosos. Para sugar até a alma!
Mas, prosseguindo e tentando dar sentido ao título desse bate-papo que escolhi, já medicado e há mais de um ano de terapia com um excelente e dedicado profissional, venho pensando em algumas questões interiores, filosóficas, sobre as quais, raramente, ou talvez nunca, tenha refletido... Quem sou eu?
O que é a vida?
Para onde iremos?
O que fazemos aqui na Terra?  
E por aí vai.
Meu terapeuta é um cara que sabe das coisas. Lê muito e tem uma vasta experiência no trato desses questionamentos. Ele tem me sinalizado e me dado um norte. É um início.
Procurei também voltar a estudar. Com a Filosofia da Nova Acrópole, eu fico feliz e dedicado. Voltei a ser um aluno participativo e pesquisador. É apenas um pontapé inicial de uma longa jornada. Estou fazendo as pazes comigo mesmo. Refletir e meditar sobre quem você é e para onde você quer ir é bem interessante. Tenho que estar aberto para diagnosticar que eu sou um nada.
Está bem! Um quase nada.  
E nascer novamente.Sair da minha casca de ovo, do meu egocentrismo e aprender a mudar é algo bem difícil. Eu tenho que me vigiar e me endireitar inúmeras vezes ao dia. E isso eu faço de uma maneira prazerosa; não é nada forçado e me estimula, ao notar as pequenas mudanças. É claro, estou falando dos meus valores éticos, humanos. Adquirir ou modificar para melhor aquelas atitudes, sentimentos e reações que não domino. Essa semana eu escolhi três virtudes: disciplina, bom humor e paciência. A primeira eu sei como é, eu apenas a perdi por ter aposentado. Mas, voltar a acordar cedo, ter horários regulares e assumir compromissos para iniciar, desenvolver e terminar algo exige um certo esforço.
O bom humor, diz a minha mãe, eu sempre tive: alegre, comunicativo, extrovertido... Mas não em casa, no conforto do meu lar... Com as pessoas que eu mais amo, sou ranzinza, ou era, porque preciso parar de reclamar e ter uma vida leve com quem está ao meu lado.
E paciência!
Eita, agora lascou-se. Eu nunca tive. Sou um pavio curto, daquele que não leva desaforo para casa, que é ao mesmo tempo um gentleman e, em segundos, um selvagem. Não é certo isso. Eu tenho que aprender a dominar essa emoção, caminhar nesse longo desafio e parar de brigar com tudo e com todos. Não faz bem para mim e, muito menos, para os meus interlocutores ou desafetos.
Enfim, quem sou eu?
Uma pessoa que aceita desafios para mudar a mim mesmo. Ser um pouco melhor nesse mundo, nas minhas relações humanas com a família, com a vizinhança e, com a coletividade; afinal, não vivemos só, somos um animal social. Pode ser que ainda dê tempo.
Pode ser que eu, até, consiga.
O tempo dirá!

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