O Instituto Federal do Acre (Ifac), campus Tarauacá realizou, entre os dias 12 e 17 de maio de 2025, a 1ª Jornada Acadêmica de Consciência Indígena (JACI), promovido pela Diretoria de Ensino, Pesquisa e Extensão da unidade. O evento foi uma homenagem ao Dia dos Povos Indígenas, comemorado no dia 19 de abril e instituído pela Lei Federal nº 14.402/2022.
De acordo com o diretor Jaime de Magalhães Lima, a JACI foi uma ação de valorização das culturas originárias. “A JACI foi pensada como um momento de reflexão sobre a importância dos povos indígenas do Brasil, da Amazônia e, especialmente, do Acre, para a preservação de uma rica diversidade e pluralidade cultural em nossa Nação".
Segundo o diretor, o evento foi realizado com reverência e profundo respeito, totalmente dedicado a todos os indígenas do passado e do presente. "O objetivo foi celebrar a existência, a resiliência e a inestimável contribuição dos povos originários para a formação das identidades brasileiras e para a vitalidade da Amazônia e do Acre. O nosso campus também conta com alunos indígenas, que participaram ativamente da programação”.
A simbologia de JACI - O nome do evento tem origem na palavra indígena “Jaci”, muito utilizada por diversas etnias. Derivada do tupi “ya-cy” ou “ia-cy”, significa “mãe dos vegetais” e é a deusa lua na mitologia tupi, protetora das plantas, dos amantes e da fertilidade. Segundo a tradição, Guaraci, o deus do sol, precisou descansar, mergulhando o mundo na escuridão. Para iluminá-lo, Nhanderu, o ser criador, criou Jaci. A palavra também origina nomes como “Jacira”.
Estudos monstram que o Estado do Acre abriga mais de 30 mil indígenas, distribuídos entre diversas etnias. Na regional Tarauacá-Envira, o município de Tarauacá, abriga mais de 3.700 indígenas, das etnias Huni Kui (Kaxinawá) e Yawanawá; em Feijó encontram-se mais de 4.500 indígenas, das etnias Ashaninka, Madijá (Kulina), Huni Kui e Shanenawa; e no Jordão, estão mais de 4.100 indígenas, da etnia Huni Kui.
Programação diversificada e plural - A 1ª JACI contou com apresentações culturais (cantos e danças), rodas de conversa, palestras e mesas-redondas. Participaram indígenas da comunidade local, estudantes, docentes e convidados externos. A abertura foi marcada pela apresentação do grupo indígena Rui Turubim Yuxibu, com a presença de servidores e alunos.
Segundo o coordenador da comissão organizadora, professor Dr. Tayson Teles, a ideia de ‘consciência’ remete à reflexão sobre as raízes históricas do Brasil e o protagonismo dos povos indígenas na formação do país. "Durante a colonização, milhares foram mortos, escravizados, perseguidos. O Estado brasileiro tem uma dívida histórica irreparável com esses povos. O Ifac, como instituição pública de ensino, tem o dever de reconhecer, valorizar e apoiar suas lutas”, disse.
As atividades ocorreram em turnos matutinos e noturnos durante toda a semana e incluíram entrevistas com pesquisadores e professores indígenas; rodas de conversa sobre preconceitos e linguagens discriminatórias; palestras sobre direitos indígenas e o marco temporal; discussões sobre línguas, educação e inclusão de estudantes indígenas; intervenções culturais com pintura corporal e apresentações orais sobre lideranças indígenas.
O encerramento contou com uma mostra de maquetes sobre territórios, reservas e arquitetura das aldeias, desenvolvidas pelos alunos do campus.
Apoio institucional - A JACI foi realizada com apoio do Instituto Federal de Brasília (IFB) e da FINATEC, por meio do programa Redes Antirracistas, do Ministério da Igualdade Racial (MIR) (2023–2026). O Campus Tarauacá teve aprovado um projeto de extensão no Edital nº 007/2024 (IFB/MIR/FINATEC), coordenado pelo professor Tayson Teles, com foco em educação antirracista.
Em 2025, o projeto realizará palestras sobre combate ao racismo, um evento indígena e outro voltado à Consciência Negra em Tarauacá. Atualmente, o projeto conta com a participação de cerca de 20 servidores e dois bolsistas: Eldo Neto e Jairo Lima, ambos estudantes do campus.
O bolsista Eldo Neto, aluno do curso técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio disse que os povos indígenas são pilares da história, com saberes ancestrais que ecoam há séculos. "Suas línguas, rituais e visões de mundo enriquecem nossa cultura e oferecem lições valiosas sobre a relação com a natureza e a vida”.
Já Jairo Lima, estudante do curso superior de Gestão do Agronegócio, destacou que a jornada é uma oportunidade de aprendizado com a sabedoria indígena e um momento para reconhecer suas lutas e demandas. "É essencial valorizar esses povos como centrais na construção de um Brasil mais justo, plural e ambientalmente responsável”.
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