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Mulheres na chefia da família são maioria, segundo Censo

Um resultado que reflete o abandono da família pelo homem, onde a mulher se desdobra para criar os filhos, sem ajuda financeira.

10/05/2025 às 12h18 Atualizada em 10/05/2025 às 12h28
Por: Redação Fonte: Redação
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Mulheres na chefia da família são maioria, segundo Censo

Chefes de família

Um dado que precisa ser estudado, entendido e denunciado em suas consequências e efeitos brutais. No Acre, 49,12% dos lares são chefiados por mulheres, segundo dados do Censo Demográfico de 2022. Um grande aumento desde o Censo anterior, de 2010, que apontava para 39% a chefia feminina nas famílias. Não é um dado para se comemorar.

Abandono

Na quase totalidade dos casos, a presença da mulher como chefe de família é resultado do abandono da família pelo homem, da obrigação da mulher se desdobrar para criar os filhos, quase sempre sem qualquer ajuda financeira do ex-companheiro. Essas mulheres superam as dificuldades em nome da família. Recebem a punição da responsabilidade total, enquanto os ex-companheiros assumem vida nova, geralmente sem responsabilidade afetiva e muito menos financeira para com filhos e ex-esposa.

Carência

Além da carência de uma família desestruturada, a consequência é a dificuldade de mater o lar com dignidade, sem apoio. São mulheres, já anteriormente oprimidas em relacionamentos tóxicos, violentos, que mal tiveram condições de se qualificarem para o mercado de trabalho e que têm a responsabilidade de dar o mínimo de condições de vida aos filhos, em uma sociedade machista, misógina e preconceituosa. Saber que isso ocorre na metade dos lares do estado é assustador e explica muito sobre a perpetuação da pobreza, do abandono, dos estereótipos sociais.

Bolsa Família

O reflexo dessa situação pode ser expresso ao se considerar que 83,5% dos lares assistidos pelo programa do Bolsa Família no estado são liderados por mulheres, conforme os dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social. Este programa social atende 132.653 famílias no Acre.

Salários

Uma constatação auxiliar, que também mostra a discriminação e o machismo.  A média salarial dos homens, em todo o país é de R$ 4.495,39, enquanto a das mulheres é de R$ 3.565,48. Quase 20% a menos. E elas que têm a responsabilidade de comandar o lar, em 50% dos casos. A disparidade é ainda mais acentuada entre mulheres negras, que ganham, em média, R$ 2.745,26 — apenas 50,2% do salário de homens não negros, que chega a R$ 5.464,29. Já as mulheres não negras têm um rendimento médio de R$ 4.249,71.

Igualdade

Ainda há um longo caminho a se percorrer em busca da igualdade, da responsabilidade, dos direitos iguais. O Censo mostra isso.

Habemus Papam

Um sacerdote americano, que passou metade a vida no Peru, trabalhando com os mais excluídos, em profundo compromisso social. Fiel a seus compromissos e os de sua Ordem Religiosa, os Agostinianos, que tem como missão, o anúncio do Evangelho, por meio de missões, obras sociais e instituições de ensino. Essas são as primeiras informações necessárias para começar a conhecer o perfil do novo Papa Leão XIV.

Dois mundos

Um americano que foi desde cedo, após rígida formação teológica, cumprir sua missão do Peru, enfrentando regimes ditatoriais, como o do presidente deposto e preso Alberto Fujimori. O Cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, o novo Papa Leão XIV, foi Prior Geral dos Agostinianos em todo o mundo e, com isso, conheceu vários países, com vindas recorrentes ao Brasil.

Cardeal recente

Cardeal há dois anos, empossado em 2023, pelo Papa Francisco, chamado a cuidar do Dicastério responsável a orientar o Papa na escolha dos bispos e, sabe-se agora, preparado para ser seu substituto. Prevost era chamado sacerdote de dois países, na verdade de dois mundos, o desenvolvido, que ele viveu na América e em Roma e o pobre, nas favelas e vilas do Peru.

Leão XIV

O jornalista acreano, Iago Bolívar, em artigo publicado ontem pela manhã no portal Jota, antes da escolha do conclave, já previa a adoção do nome Leão XIV por um Papa progressista. Para ele, isso significaria assumir o compromisso com a doutrina social da igreja, ao lado dos mais excluídos. Leão XIII, aponta o jornalista, “foi o papa que publicou a encíclica Rerum Novarum (Das Coisas Novas) (...) O texto assinado por Leão XIII em 1891 é a pedra fundamental da doutrina social da Igreja, tendo proposto regras para o direito dos trabalhadores em uma sociedade transformada pela revolução industrial”.

Evocação

Lembra também outro grande desafio da Igreja, nesses tempos conturbados. Evoca o Papa Leão o Grande, o primeiro com esse nome que, há mais de 1.500 anos, conseguiu bloquear o avanço do conquistador sanguinário Átila, o Huno, às portas de Roma. Talvez uma metáfora dos desafios que se impõem à fé, em uma sociedade cada vez mais laica, violenta e desagregadora. Seja como for, o Papa Leão XIV vai carregar, como prometeu, o legado de Francisco e seus compromissos humanos e sociais

Amazônia

O Cardeal Prevost, agora Papa Leão XIV conhece a Amazônia, o Brasil. Várias viagens como prior dos agostinianos. Esteve com o Papa Francisco em sua visita ao Peru, inclusive na ida a Puerto Maldonado, no encontro com indígenas de toda a região, com presença de povos originários acreanos. É um defensor do meio ambiente e contra a devastação. Teve o apoio, já se sabe, dos cardeais latino-americanos, inclusive do Cardeal da Amazônia, Dom Leonardo Ulrich Steiner.

 

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