ACRE EM NOTAS | Vai pegar?

Por Socorro Camelo e colaboradores*

Lentidão

Ocupar e pacificar a Cidade do Povo é uma decisão absolutamente louvável da Polícia Militar embora os resultados sejam bastante relativos, ou em uma escala muito menor do que o desejável. Esta semana, mais de um mês depois do linchamento de uma jovem, enfim a PM apresentou um suspeito do crime. Mas ainda não conseguiu sequer estabelecer se a suposta filha da vítima existe. Qual seu paradeiro ou, pelo menos, se ainda está viva. Uma resposta muito lenta.

Expulsão

A Faculdade de Medicina paulista Santa Marcelina, muito conceituada e com mensalidades das mais caras, expulsou 12 alunos que posaram para uma foto junto a uma faixa que fazia apologia ao estupro. Já houve tempo em que se passava pano para essas manifestações misóginas, tratadas como brincadeira de estudantes. Hoje, não mais. Ainda bem. Além da expulsão, houve punições mais brandas para outros e a atlética teve seu funcionamento suspenso.

Desapropriação

E o STF decidiu desapropriar terras devastadas por incêndios criminosos e desmatamento ilegal na Amazônia e no Pantanal. A decisão, tomada pelo ministro Flávio Dino, será adotada caso haja comprovação da responsabilidade do proprietário e acontece depois de um ano de recorde de incêndios no país. As chamas consumiram centenas de quilômetros em biomas importantes no ano passado.

Obrigações

Decisão assinada pelo ministro Flávio Dino ordena à União e a estados da Amazônia e do Pantanal a adoção de medidas concretas para punir responsáveis por incêndios dolosos e impedir legalização de propriedades com infrações ambientais. Trata-se de uma mudança essencial para impedir a continuidade da expansão do arco do fogo, no qual o leste do Acre está inserido.

Vai pegar?

O principal problema, como toda lei no Brasil, é se vai pegar. Sim, porque nesse país, tem leis que pegam e aquelas que não pegam, que existem “só para inglês ver”, que acabam sufocadas pela dificuldade de serem implantadas. Sonhar que seria possível desapropriar grandes propriedades que incendeiam a Amazônia, beira a utopia. Mas tomara que funcione.

Violência

A violência contra a mulher não tem limites. E não se restringe a pessoas vulneráveis, a mulheres sem poder de reação; Essa semana, a deputada federal Marussa Boldrin (MDB-GO) usou a tribuna da Câmara e suas redes sociais para denunciar as agressões de seu agora ex-marido. E, em uma entrevista na televisão de seu estado, afirmou que chegou a ser enforcada e jogada no chão pelo ex-marido, o advogado Sinomar Vaz de Oliveira Júnior. Segundo ela, as agressões ocorreram várias vezes.

Ciúme profissional

A deputada Marussa também disse que tinha medo até de dormir de costas para o ex-companheiro. Segundo ela, Sinomar chegou a ameaçá-la dizendo que pegaria uma arma que guardava no carro. Sobre a motivação das agressões, Marussa contou que acredita se tratar de um "ciúme profissional". Ou seja, seu protagonismo como deputada, sua independência profissional teria incomodado o parceiro, que queria ser o dominante da relação e, para isso precisava de sua submissão econômica e psicológica. Infelizmente, não será o primeiro nem o último caso.

Veneno

Nossas avós já diziam que quem tudo quer, tudo perde. Talvez esse velho ensinamento acabe servindo para alguns que tem pensamentos dignos dos personagens de desenho animado Pinky e Cérebro, que viviam imaginando planos mirabolantes para dominar o mundo e que nunca se concretizavam.

*Socorro Camelo é jornalista e escreve neste espaço toda semana.