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Política Divisão

O trono de areia

Na ilusão de controlar a política acreana, o prefeito de Rio Branco isola aliados, briga com adversários e ajuda a desmoronar a unidade da direita.

07/04/2025 às 19h51 Atualizada em 07/04/2025 às 20h02
Por: Redação Fonte: Redação
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O trono de areia

Por Socorro Camelo e colaboradores*

Divisão

A divisão da direita acreana parece, neste momento, irreconciliável e já antecipa os estragos de 2026. O prefeito Tião Bocalom, cada vez mais atado a Márcio Bittar, comporta-se como imperador da capital e tutor da política estadual. Mas governa como quem dá ordens para o espelho.

Reflexo

O racha ficou evidente nas manifestações em apoio a Bolsonaro e à anistia dos envolvidos no 8 de janeiro. Foram duas: uma para cada ego. Locais e horários distintos, público idem: alguns gatos-pingados, cada um mais desanimado que o outro.

Radical

Ainda assim, as manifestações competiram em radicalismo. O ex-vereador e atual secretário João Marcos Luz foi imbatível na bravata. Falou em perseguição aos cristãos no Brasil, causando constrangimento até nos aliados. Menos, secretário. Bem menos.

Acusações

Bocalom decidiu escantear o senador Alan Rick, mesmo após as generosas emendas destinadas à capital. Ao cobrar, como presidente da AMAC, providências sobre as usinas de lixo, Alan recebeu de volta patadas e insinuações, o estilo casa grande e senzala do prefeito.

Resposta

Alan respondeu à altura: acusou o prefeito de sabotar o projeto das usinas por interesse em um grupo econômico do Sul. Denúncia séria, que merece apuração. O fato é que os prazos estão se esgotando, e o presidente do consórcio do lixo segue empurrando com a barriga. Ou com o ego.

Licitação

A carta da “idoneidade” da prefeitura está cada vez mais amassada. A licitação do SAERB eliminou, com laudos frágeis, a empresa mais qualificada — uma manobra que afastou um investimento de R$ 30 milhões em uma fábrica de reagentes. Preferiram o intermediário.

Ruas
Outra dor de cabeça: o programa Asfalta Rio Branco deve ser enterrado nesta semana. Mal executado, endivida o município até 2042 e desagrada até os vereadores da base. É o asfalto que não cola.

Truculência  
A extrema truculência com que o secretário da Agricultura, Eracides Caetano trata todos os líderes comunitários que ousam cobrar a palavra do prefeito de investimento no meio rural é um verdadeiro absurdo. É a completa inoperância do tal programa Produzir para Empregar, que nem produz, com os agricultores ao deus-dará, muito menos emprega ou gera renda. Uma autoridade que chama representantes da comunidade de “babacas” não tem estrutura moral para continuar no cargo. Enquanto isso, para as comunidades abandonadas, resta bloquear estradas para chamar a atenção e cobrar providências.

Consequências  
A direita caminha para 2026 dividida, vaidosa e ensimesmada ( como diria o poeta). Tal como a esquerda em sua decadência. Marx diria que a história se repete como tragédia e depois como farsa. No Acre, parece que a farsa veio primeiro.

No Acre  
Há reais possibilidades da visita do presidente Lula ao Acre, em plena recuperação de sua popularidade, como apontou recente pesquisa. Seria a primeira viagem ao estado em seu terceiro mandato. Em maio ele irá a Rondônia assinar ordem de serviço para a ponte que ligará Guajará Mirim à Bolívia. A agenda no Acre seria robusta.

Café
Uma parada em Mâncio Lima para inaugurar o complexo de café do Juruá cairia bem. Um projeto robusto, sustentável e cooperativado com aroma de acerto político.

PAC
No mesmo roteiro, Lula poderia anunciar investimentos do PAC, visitar obras da BR-364 e do Minha Casa, Minha Vida. Agenda não falta. Seria uma ótima oportunidade para  marcar importantes pontos políticos no momento em que a direita se encontra dividida no estado.

 

*Socorro Camelo é jornalista e escreve todas as segundas, quartas e sextas nesse espaço.

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