O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) realizam, de 24 a 28 de março, uma oficina para o desenvolvimento de um plano emergencial de apoio às ações de saúde e nutrição no Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Juruá (DSEI ARJ), localizado no noroeste do Acre, na fronteira com o Peru. O evento acontece na semana em que se comemora o Dia da Saúde e Nutrição (31), uma data que reforça a importância do cuidado com o bem-estar da população. O objetivo é reduzir a mortalidade infantil e combater doenças diarreicas, respiratórias e a desnutrição, que impactam a vida de milhares de crianças indígenas.
A capacitação tem como público-alvo, profissionais de saúde indígena sobre o protocolo da Atenção Integral às Doenças Prevalentes na Primeira Infância (AIDPI), com ênfase no manejo das Doenças Diarreicas Agudas (DDAs), imunização e manejo da desnutrição. Ainda como parte da oficina, será desenvolvido treinamento em prevenção e acompanhamento dos casos graves de DDA e a identificação de sinais clínicos que permitam fazer uma triagem rápida quanto à natureza da atenção requerida pela criança, bem como encaminhamento urgente a um serviço de saúde, tratamento ambulatorial ou orientação para cuidados e vigilância no domicílio. Além da capacitação, os profissionais receberão materiais de apoio, como a distribuição de folhetos e banners sobre o plano A do cuidado da criança com diarreia.
O acesso à saúde na região é dificultado por barreiras geográficas e climáticas, agravadas por mudanças ambientais que comprometem a segurança alimentar e hídrica. Dados preocupantes revelam que, entre 2018 e 2022, 266 crianças faleceram, sendo 42,9% menores de um ano. As doenças do aparelho respiratório e infecciosas lideram as causas de óbito, com destaque para as diarreias agudas. A região abriga mais de 20 mil indígenas, sendo 6.481 crianças menores de 5 anos, espalhadas por 163 aldeias em 30 terras indígenas.
Para reverter esse cenário, o plano propõe a capacitação de profissionais de saúde indígena, o fortalecimento da prevenção e controle das doenças diarreicas, além da promoção da segurança nutricional. A estratégia se baseia na metodologia da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), com foco na detecção precoce, tratamento adequado e prevenção de agravos. Também estão previstas ações educativas para mães e cuidadores e a distribuição de materiais informativos sobre a importância do aleitamento materno e a hidratação adequada.
Para Luciana Phebo, Chefe de Saúde e Nutrição do UNICEF Brasil, "promover troca de conhecimentos e a capacitação de agentes indígenas de saúde é uma das contribuições que o UNICEF realiza junto com a SESAI para a redução da desnutrição de crianças indígenas. A estratégia do AIDPI é muito apropriada para fortalecer capacidades comunitárias e assim reduzir a mortalidade infantil".
O impacto dessa iniciativa pode salvar incontáveis vidas. A prevenção de doenças evitáveis e o fortalecimento da segurança alimentar são medidas urgentes e necessárias para garantir um futuro digno e saudável às crianças indígenas. Neste Dia da Saúde e Nutrição, o compromisso com a proteção da infância precisa ser reafirmado. A sobrevivência e o bem-estar dessas crianças dependem de ações concretas agora.
Sobre a Estratégia AIDPI
A AIDPI é uma abordagem global voltada para a redução da mortalidade infantil em crianças menores de 5 anos, considerando problemas como pneumonia, diarreia, desnutrição e infecções perinatais. A estratégia reforça a capacitação de profissionais, a reorganização dos serviços de saúde e a educação em saúde comunitária, promovendo uma resposta integrada às necessidades das crianças e suas famílias.
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