Por Socorro Camelo e colaboradores*
Marina
A ministra Marina Silva foi alvo de mais um ataque misógino, desta vez do senador Plínio Valério (PSDB-AM), que disse, publicamente, ter tido vontade de “enforcá-la” após um debate no Congresso. Marina reagiu com a firmeza e elegância que a caracterizam — e com a resposta exata que o episódio exigia.
Ambiente
O senador amazonense, ao lado do acreano Márcio Bittar, forma a dupla mais ruidosa na oposição à ministra no Congresso. Ambos se notabilizam por defender pautas antiambientalistas, negam o aquecimento global e rejeitam qualquer avanço na proteção da Amazônia. Sem argumentos sólidos para enfrentá-la, Plínio recorre ao expediente de sempre: a violência disfarçada de “brincadeira”.
Sem arrependimento
Mesmo diante da repercussão negativa, o senador não se retratou. Disse que não se arrepende do comentário. “Todo mundo riu, eu ri”, afirmou, tentando minimizar a gravidade do que disse. Alegou que não repetiria a fala — mas não por arrependimento, e sim por conveniência. Marina recebeu solidariedade de movimentos de mulheres, lideranças políticas e personalidades de todo o país. E segue sendo alvo dos que se incomodam com mulheres firmes em espaços de poder.
Prioridade
Em conversa com a coluna, o senador Alan Rick afirmou que o saneamento é uma de suas principais bandeiras. Citou o exemplo de experiências que presenciou no Amapá, onde o sistema foi terceirizado com sucesso e começa a apresentar excelentes resultados, em uns piores estados nessa área. Também esteve em São Paulo e outros estados analisando as propostas e ações e quer canalizar esses esforços para ajudar na solução do problema no Acre.
Sem extremismos
Alan Rick disse que quer fazer política longe de extremismos. É uma notável evolução política e mostra que procura um mandato de resultados para o povo.
Saneamento
O senador, que demonstra estar mais maduro, mais moderado e em busca de diálogo, afirmou que teve papel importante e ajudou a liberar R$ 17 milhões para as obras de uma nova estação de tratamento de água na capital, já que as duas existentes estão em colapso. Ele diz que se espanta ao ver que o prefeito Bocalom não toma nenhuma iniciativa para começar a obra. Enquanto isso, a capital sofre com o desabastecimento.
Pior
Sobre saneamento, o Instituto Trata Brasil, referência no setor, aponta que entre as cidades com mais de cem mil habitantes, Rio Branco tem o quarto pior saneamento básico do Brasil. Em 2024, a capital acreana apresentou 1.406 internações hospitalares por doenças causadas pela falta de saneamento. A enchente de agora só vai agravar esse problema.
Parque da Cidade
Uma boa notícia é que as tratativas para o Parque da Cidade estão avançadas. O senador Alan Rick se reuniu nesta quinta (20), em Brasília, com o General Anisio David de Oliveira Junior e o corpo de oficiais do Exército para tratar dos avanços do Parque, que será o maior espaço de lazer de Rio Branco. O projeto será implantado na área atualmente ocupada pelo 7º BEC, e já entrou na fase de articulação operacional.
Recursos
Alan Rick já garantiu R$ 33 milhões em emendas parlamentares de sua autoria, com apoio do deputado federal Roberto Duarte. Os recursos não são promessa: estão na conta. Raros casos em que o dinheiro vem antes do discurso.
Duplicação
Além da criação de um espaço moderno de turismo, lazer, cultura e entretenimento, o projeto prevê uma reestruturação viária significativa. A duplicação da Rua Isaura Parente, uma das vias mais congestionadas da cidade, é parte do pacote. A obra pode destravar o trânsito em uma das principais rotas da capital — e, de quebra, redesenhar uma área inteira da cidade que há décadas aguarda infraestrutura mínima.
Andando
Enquanto a burocracia civil ainda engatinha, o Exército já iniciou a terraplanagem para construir as novas moradias da vila militar. As residências atuais, localizadas dentro do 7º BEC, serão demolidas para dar lugar ao parque. O recado dos militares foi claro: o cronograma deles está andando.
Travas
A parte que falta? A liberação oficial do terreno por parte da Prefeitura de Rio Branco. É esse o entrave que impede o início das obras. O senador Alan Rick já cobrou publicamente o cumprimento do acordo firmado pelo município com o Exército. A fase de empurrar com a barriga precisa acabar senão, o parque pode virar mais uma boa ideia soterrada pela omissão política.
Confronto
A proposta da prefeitura, do aumento sem controle dos cargos comissionados, aprovada a toque de caixa pelos vereadores, interessados em indicar a nomeação de seus apaniguados, quase gerou troca de sopapos na Câmara Municipal. Os vereadores Eber Machado (MDB), crítico da proposta e Antônio Morais (PL) ávido defensor da nova mamata de cargos, quase se pegaram aos tapas, depois de troca de ofensas. Se não fossem os vereadores Neném Almeida (MDB) e André Kamai (PT), que foram aparatar o imbróglio, os dois vereadores se atracariam em plenário.
Inundação
A enchente não está sendo boa para a popularidade do prefeito Bocalom. Entre os vários problemas, os abrigos construídos no Parque de Exposição alagaram com as fortes chuvas e prejudicaram ainda mais os desalojados.
Orçamento
O Congresso Nacional aprovou o orçamento do governo federal e agora devem começar as liberações de verbas para as obras nos estados. No Acre, são ansiosamente aguardados recursos para as ações de tapa-buracos e recuperação da BR-364 e para as casas populares.
Palavra final
A política acreana, como sempre, transita entre o atraso estrutural e os lampejos de avanço. Enquanto projetos ganham forma graças a articulações federais, o que se vê no nível municipal é um pântano de omissões, interesses, brigas de plenário e abrigos alagados. Há verba, há vontade — falta gestão. Em meio à lama das enchentes e ao lamaçal político, segue a máxima: quando o poder público não atua, a natureza e a população cobram. E não aceitam mais “brincadeiras”.
*Socorro Camelo é jornalista e escreve neste espaço todas as segundas, quartas e sextas-feiras.
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