ACRE EM NOTAS | Seca na torneira, enchente de desculpas

Por Socorro Camelo e colaboradores*

Noite acreana

Ainda repercute o sucesso da noite de cultura e celebração do talento, da força e da resiliência da mulher acreana, com o lançamento da coletânea Letras de Mulher, da AJEB. Uma comprovação de que a arte, a literatura, a música, a conscientização e o reconhecimento da força da mulher andam de forma unida.

Non Acre

Agora, a expectativa fica para o lançamento no Acre, que será dia 29, no Teatro Hélio Melo, com o mesmo compromisso com as letras literárias e o reconhecimento da dedicação de tantas escritoras e jornalistas. Como diz a epígrafe do livro, “a literatura feminina não é um gênero, é uma força”. Mais que o lançamento de uma obra literária, foi uma celebração da mulher, da cultura e da arte acreanas.

Apelação

O Ministério Público acreano entrou com apelação criminal contra a absolvição inesperada, pelo tribunal do júri, dos policiais militares responsáveis pelo que ficou conhecido como a chacina do Preventório, em Rio Branco. Entre as vítimas, estava a garota Maria Cauane Araújo da Silva, à época com onze anos de idade e mais duas pessoas fuziladas com vários tiros na abordagem policial. O resultado do julgamento, para muitos, apesar das provas inequívocas e laudos comprobatórios, revelou a pressão com que se realizou o processo, que precisa ser reanalisado com calma e sentimento de justiça. A pretensão é de um novo julgamento.

Justiça

Pelo menos isso a família da menina Cauane merece, para esse crime que não foi esquecido e que não pode continuar impune. O Ministério Público, na apelação, destaca que não se trata de um julgamento contra a polícia, como se tentou transformar o caso, mas contra indivíduos específicos que, agindo de modo deliberado, não honraram a farda, as tradições e o comportamento esperado de policiais.

Creches

Como parte da programação da correição ordinária do Conselho Nacional do Ministério Público nas unidades do Ministério Público do Estado do Acre, promotores e procuradores se reuniram com o prefeito Tião Bocalom e pediram a ampliação da oferta de vagas em creches, o acolhimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e a assistência à população em situação de rua. Foi constatado o grande percentual, acima dos 30%, de crianças na capital sem acesso a creches, um direito que precisa ser garantido pela prefeitura. Uma falha que agora tem repercussão nacional.

Água

Mais uma vez, Rio Branco está sem um pingo de água tratada, com “acidentes” nas bombas de captação das ETAs I e II. Chegaria a ser engraçado, se não fosse trágico. A capital acreana fica sem água tanto nas enchentes, como nas estiagens, na seca. Desculpas são muitas, promessas, demais. Enquanto mais de trinta bairros são alagados pelo rio Acre, nas torneiras de toda a cidade, nem um pingo de água tratada.

Cortes

A prefeitura tem sido implacável no corte de fornecimento para os inadimplentes das contas do SAERB mas, ao mesmo tempo, extremamente negligente com suas obrigações de manter o abastecimento. Com cinco anos de gestão, não cabe mais culpar administrações passadas. Já passou da hora de apresentar serviço nessa e em outras áreas.

Escolas

Pelo menos 37 escolas financiadas com recursos federais estão com obras paralisadas por indecisão das prefeituras acreanas. Foi a constatação do corregedor nacional do Ministério Público, Ângelo Fabiano Farias da Costa. Dessas 37 escolas, apenas 22 atendem aos critérios do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para retomada. Os prefeitos têm a responsabilidade objetiva nesse caso.

Subida

O Rio Acre pode alcançar a cota dos 15 metros hoje a afetar pelo menos 30 bairros. E, apesar dos avisos, do tempo e prevenção, os abrigos da prefeitura no parque de Exposições, só estão sendo acionados na manhã de hoje, com as famílias desabrigadas até então, alojadas em escolas. Muita gente, nos bairros, reclama da ausência de técnicos e servidores da Defesa Civil nesses momentos de necessidade, com casas alagadas e esgotos estourados, levando a água poluída para dentro das residências.

Alan Rick

O senador Alan Rick está apostando que a anunciada federação entre Progressistas e União Brasil não se concretizará. O senador está mostrando cada vez mais força em seu mandato, em Brasília, assumindo novas responsabilidades e mostrando grande capacidade de articulação no Congresso. Tem o desafio de manter e ampliar sua base no estado, com a tranquilidade de quem, mesmo se capacitando para se candidatar ao governo em 2026, tem ainda garantido o mandato de senador até 2030.

*Socorro Camelo é jornalista e escreve neste espaço as segundas, quartas e sextas-feira. Contato : [email protected]