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Geral Que sorte a minha!

Sobre reencontros, gestos simples e o privilégio de ter uma irmã que é casa

Sou a irmã mais nova. E a Cacilda sempre teve essa aura de proteção, de alguém que está ali antes mesmo que eu precise pedir

23/02/2025 às 10h57
Por: Redação Fonte: Acreaovivo.com
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Cacilda Menezes e Socorro Camelo.
Cacilda Menezes e Socorro Camelo.

Por Socorro Camelo

Há um ano eu não via minha irmã e madrinha. A distância entre nossas cidades nos separa fisicamente, e a vida, com sua pressa, faz com que nos vejamos menos do que gostaríamos. Mas, quando finalmente nos encontramos, é como se o tempo derretesse. Não importa onde esteja, estar com ela é sempre um retorno ao que é essencial, ao que conforta, ao que aquece. Talvez porque, nela, eu veja o que já não tenho mais: minha mãe. Talvez porque, de alguma forma, ela tenha assumido para mim esse papel de porto seguro, de colo invisível que sempre me acolhe.

Ontem, nosso reencontro aconteceu de um jeito ainda mais especial: na festinha de Carnaval do lindo Bartô, um lugar tão lindo, que ficou ainda mais bonito e acolhedor depois de preparado com todo carinho pela querida Lelê.  Amiga da minha irmã, e mais do que uma amiga, Lelê é parte da família, assim como seu filho, Lucas. A chácara reflete o espírito da Lelé: alegre, vibrante, feito para encontros memoráveis. E não poderia haver cenário melhor para reencontrar a minha querida irmã.

Sou a irmã mais nova. E a Cacilda sempre teve essa aura de proteção, de alguém que está ali antes mesmo que eu precise pedir. Chegamos tarde no carnaval e ela, com a delicadeza de quem cuida sem alarde, havia guardado para mim um prato que gosto muito. Um gesto simples, mas de uma força absurda. Há quanto tempo eu não experimentava isso? Esse tipo de cuidado que não se pede, que não se combina, que apenas acontece porque alguém pensou em você antes mesmo de você chegar. Foi isso que me emocionou. E é isso que sempre me emociona quando ela parte e eu fico. Choro todas as vezes que nos despedimos, e talvez agora eu entenda por quê.

Minha irmã, Cacilda, tem uma leveza rara. Sua alegria não pesa, não força, apenas contagia. Ama a vida, ama as pessoas e transforma qualquer encontro em celebração. Com ela, nada é só uma conversa; tudo vira festa. Música e estímulo, dança e vida. Se há vinho e cerveja e os rostos certos ao redor da mesa, é ali que a felicidade acontece.

Lembro de um dia em que o sol prometia brilhar, mas, de repente, o céu desabou em uma chuva torrencial. Qualquer um teria lamentado o tempo perdido, mas não Cacilda. Em vez de esperar a tempestade passar, ela nos puxou — eu e minhas filhas — para um banho de chuva. Rimos, nos encharcamos, esquecemos qualquer previsão frustrada. Esse é o espírito dela: viver o que vem, sem resistência, sem amarras. Uma cena simples, mas que ficou guardada na memória como um lembrete de que a felicidade está mais na entrega do que no controle.

Sem perceber, ela me ensina que a vida não precisa ser apenas suportada, mas aproveitada. Que, mesmo sem garantias, sem promessas de eternidade, podemos transformar o presente em festa. E que a presença daqueles que amamos é, talvez, o maior presente que o tempo nos dá.

Hoje, eu só queria registrar esse instante e dizer: Cacilda, que sorte a minha ter você como irmã e madrinha.

 

Socorro Camelo é jornalista e escreve neste espaço aos domingos ou quando dar na telha.

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KATERINE NOGUEIRA MARQUESHá 2 meses BrasíliaQue lindo relato de amor e cumplicidade. Adorei.
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