ACRE EM NOTAS | Independência x Manaus no Acre

Por Socorro Camelo e colaboradores

Futebol

Pode não parecer relevante o que acontece em um jogo de futebol de pouco interesse, nesse longínquo Acre, entre duas equipes de pequena torcida em uma Arena da Floresta com pouco público. Mas o comportamento do Independência de Rio Branco na derrota nos pênaltis contra o Manaus, na quarta-feira, pela primeira fase da copa do Brasil é revoltante. O time perdeu a partida e a compostura.

Compostura

Brigas de torcida são comuns, mas o que aconteceu no estádio foi grotesco. Com o jogo empatado, indo para as disputas de pênaltis, a pequena torcida do Independência começou a lançar gritos homofóbicos contra o goleiro do Manaus que, aliás, pegou uma cobrança decisiva e deu a vitória a seu time. E não foi só isso. A torcida ainda disparou sinalizadores contra a equipe adversária e bombas no fosso do gramado. Um espetáculo lastimável, coroado pela justa eliminação do time acreano, jogando em casa.

Decadência

Houve época em que o futebol acreano dava orgulho. Descobria craques e mobilizava a torcida e a capital. Hoje, mesmo com dinheiro oficial, nada de bom apresenta, é bucha de canhão para qualquer equipe do país. O único nome que faz lembrar que o Acre existe no futebol masculino é o goleiro Weverton, do Palmeiras e da seleção brasileira. As equipes acreanas são um fracasso e ainda dilapidaram o patrimônio que as gerações passadas construíram. E ainda apelam para gritos racistas e homofóbicos. Muito triste.

Fora do ar

Serviços fundamentais de emergência, como o 190, da polícia, o 192, do Samu e 193, dos Bombeiros, ficaram fora do ar, ontem, por causa de uma pane na operadora OI, que controla as fibras óticas. Felizmente, no final do dia, a situação foi contornada, mas poderia ter causado problemas graves e até mortes. Há que se ter maior responsabilidade por parte das operadoras.

Golpe

Três pessoas foram presas no Acre – no total foram 20 no país – por envolvimento no chamado “golpe das missões”. O que parecia um jogo inofensivo nas redes e na internet, em que o participante é levado ao desafio de cumprir pequenas “missões” para ganhar prêmios, como ver clips, anúncios e postagens, se transforma em uma máquina de extorquir dinheiro dos incautos.

 “Missões”

Acontece que, para ampliar as chances de vitória, o jogador é levado a comprar facilidades, acessos, senhas, que na verdade ajudam a dominar as mentes e fazer gastar cada vez mais, com promessa de ganhos futuros, que nunca aparecem. Até agora, o golpe teria rendido quase R$ 100 milhões só entre os que foram presos nessa operação, que aconteceu em quatro estados.

No meio

Como sempre, o Acre não poderia ficar de fora desse esquema criminoso. Um dos articuladores foi preso em Tarauacá! Incrível que, para esse tipo de malfeito, a péssima qualidade da internet no interior não afeta.

Epidemia

Esse jogo é só uma pequena amostra da verdadeira epidemia no estado e no país dos golpes de apostas e jogos de azar na internet. Muitas vezes, são incentivados por influenciadores acreanos que, se descobre sempre, têm a aparente vida de luxo bancada por esses esquemas criminosos, de estelionato e exploração de jogos de azar. Sem contar com os sites de apostas, os “bets”, que empobrecem ainda mais a população carente.

Independente

A licitação para a compra de material químico para o Saerb está sob forte suspeição. Há acusações de favorecimento, de laudos contestados por analistas sem credenciamento necessário, briga de bastidores e mais de R$ 20 milhões em contratos sendo debatidos. Ou se dá um freio de arrumação, uma intervenção para auditar todo o processo ou o melhor seria cancelar e abrir outra tomada de preços.

Nome

O governador corrigiu um erro de prosódia em seu nome, ou seja, da parte da gramática que se dedica às características da emissão dos sons da fala, como o acento e a entoação. Para o acreano, é normal ler Cameli como uma palavra oxítona, com a sílaba tônica no “li”. Mas não é óbvio para quem desconhece a origem. Gladson conviveu, sempre, fora do Acre, com a prosódia “caméli”, sílaba tônica como paroxítona. Agora, ele resolveu mudar e incorporou o acento agudo no final de seu sobrenome.

Exemplos

Na língua portuguesa, oxítonas terminadas em i, em sílabas acompanhadas de consoante, não são acentuadas, como abacaxi, juriti, Parati. Só em caso de hiato, como açaí, Araçuaí, país. Mas, no caso do governador, o acento é justificado para acertar a pronúncia. Agora ele é Gladson Camelí nos documentos oficiais.

Metas

A Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), publicou as Metas Nacionais de Biodiversidade para o período de 2025 a 2030. São 23 objetivos, que incluem desde a redução do desmatamento e a restauração de ecossistemas, até a promoção de práticas sustentáveis na economia e na produção. A primeira meta busca zerar o desmatamento e a conversão de vegetação nativa. Outras metas focam na conservação de espécies ameaçadas, no controle de espécies exóticas invasoras, na redução da poluição e na mitigação dos impactos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade. Agora é torcer para que saia do papel.

Socorro Camelo é jornalista e escreve neste espaço de segunda a sábado. Contato : [email protected]