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ACRE EM NOTAS | Cerrado produtivo

A capital federal agora tem rótulos para chamar de seus

10/02/2025 às 14h41 Atualizada em 12/02/2025 às 15h57
Por: Redação Fonte: Acreaovivo.com
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ACRE EM NOTAS | Cerrado produtivo

Por Socorro Camelo e colaboradores*

Vinho

Se alguém ainda duvida que o Cerrado pode produzir bebidas à altura de regiões consagradas, sugiro um gole antes do julgamento. No meio do calor seco e desafiador, a capital federal agora tem rótulos para chamar de seus. Brasília não faz chover, mas já faz vinho — e dos bons.

Vinícola

A Vinícola Brasília abriga tintos encorpados que dão aquele abraço acolhedor e brancos refrescantes que fazem o calor da cidade parecer apenas um detalhe. Há espaço para belas surpresas e, claro, um espumante para provar que Brasília não vive apenas da efervescência política.

PAD-DF

Essa aventura vinícola não é obra do acaso. O PAD-DF (Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal), que há décadas transforma a região em um polo agrícola, agora também coloca Brasília no mapa do vinho. De colheitas incertas a taças cheias, o Cerrado segue provando que, com planejamento e visão, dá para plantar futuro e colher desenvolvimento.

Exemplo

Criado em 1977, o PAD-DF virou referência no aproveitamento das potencialidades agrícolas do Cerrado. O que começou como um projeto de ocupação racional do solo hoje é um caso de sucesso que poderia (e deveria) inspirar outras regiões do país. Um exemplo de que, com organização e incentivo certo, até mesmo os terrenos mais áridos podem florescer.

Dupla poda

A Vinícola Brasília adota a técnica da dupla poda, que se ajusta perfeitamente ao clima do Cerrado. O verão é úmido demais, o inverno é seco demais, então o jeito é enganar as videiras e fazer com que elas deem frutos na estação mais segura. Um truque da natureza (e da ciência) que prova que a adaptação sempre vence o improviso.

Aclamação

Ainda Estou Aqui segue como o do momento. O filme foi eleito o melhor longa ibero-americano no Goya, o maior prêmio de cinema da Espanha. Fernanda Torres viralizou cruzando a perna e cumprimentando efusivamente Ariana Grande no Festival Internacional de Cinema de Santa Bárbara, enquanto Walter Salles viu sua obra superar indicados ao Oscar como O Brutalista, Wicked e Anora na bilheteria dos EUA neste fim de semana.

Peixe abissal

Pesquisadores espanhóis filmaram uma aparição raríssima de um peixe abissal da variedade diabo negro à luz do dia. As imagens viralizaram e inspiraram reflexões, poemas e quadrinhos. Aparentemente, até um ser das profundezas do oceano tem mais timing de aparição do que certas figuras políticas.

Vinte dias

Há vinte dias, o mundo assiste com espanto as declarações, reações e ameaças do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos. Em vinte dias – tomou posse em 20 de janeiro – ele deu uma cambalhota nas relações internacionais, retirando seu país da OMS, do Tribunal Penal de Haia, ameaçando tomar a Groenlândia, transformar a conturbada Gaza em um resort, defendendo as terras dos fascistas do Apartheid na África do Sul, tentando coagir governos nos quatro cantos do globo. 

Tarifas

Hoje, deve anunciar tarifas adicionais para exportação de aço e alumínio para os Estados Unidos, o que pode impactar o Brasil. Impôs taxas de importação à China, que retaliou. Começou a caça aos imigrantes ilegais e à diversidade étnica e de gênero, o que deve impactar fortemente a sociedade americana.

E o Acre?

E o Acre? O que tem a ver com essas ações, que parecem tresloucadas, de Trump? O que isso pode impactar nesse estado nos confins da Amazônia, aparentemente distante dessa geopolítica global? Pois a resposta é que pode ser profundamente afetado, para o bem e para o mal.

Conflito

Especialistas alertam que muitas bravatas de Trump visam, na verdade, compensar a perda da liderança dos Estados Unidos em importantes setores econômicos e estratégicos, a busca por proteção de mercados e a conquista de insumos estratégicos da nova economia mundial. Essa retórica visaria esconder a fragilidade do desenvolvimento tecnológico americano, por exemplo, frente à China, em altas tecnologias e na agressiva política comercial e industrial.

Investimentos

A China, há pelo menos quinze anos, vem investindo pesado na abertura de novos mercados, em via de mão dupla: oferece um potencial quase ilimitado de absorção de matérias primas, de comércio global, tem capital para investimento em infraestrutura nos países amigos e tecnologia de ponta em quase todos os setores de automação, telecomunicações, informática e agora de inteligência artificial. Transformou a América Latina e a África em mercados preferenciais, incluindo a construção do maior porto das últimas décadas, e, Chancay, no Peru, a pouco mais de 1 mil km do Acre. 

Prioridades

Com isso, e a guerra tecnológica, geopolítica e econômica entre os EUA e a China, o pequeno Acre se enquadra em algumas prioridades que podem acirrar a disputa. Primeiro, o estado é importante rota de passagem para o transporte até o novo porto, apresentando estradas prontas e a necessária infraestrutura. Também tem potencial de produzir commodities importantes, que não impliquem em devastação, como carne suína, de aves e ovos. Mesmo a carne bovina pode ser produzida de forma menos invasiva e destruidora. Em vez de ser a periferia econômica, o Acre pode ser, especialmente para China e o sudeste asiático, a encruzilhada do progresso.

Ovos

Um exemplo de como o Acre pode se beneficiar dessa guerra econômica entre EUA e China. Um surto de gripe aviária dizimou as crianções dos Estados Unidos e um único ovo está custando, lá, sessenta centavos de dólar, quase R$ 3 reais. O Acre tem condições de suprir uma fatia desse mercado. Outro exemplo: se os Estados Unidos desdenham da crise climática, cada vez mais a China mostra engajamento, especialmente em projetos fora de seu território, onde faz pouco caso dos controles. Com isso, a floresta se torna importante fonte de valor.

Em suma

Em suma, bravatas á parte, conflitos em perspectiva, a hora é de se concentrar em buscar alternativas econômicas para o Acre, com capacidade técnica, com visão geopolítica, sem trancas ideológicas, com visão de futuro, sustentabilidade e equilíbrio ambiental.

Sucessão

A campanha de 2026 ferve nos bastidores políticos do estado e as fofocas, armações e armadilhas, acordos espúrios, interesses pouco republicanos borbulham, na maioria das vezes ainda longe dos holofotes.

Atores

Os principais atores políticos mostram suas armas e seu veneno. O episódio do rompimento do governador com o senador Alan Rick é mais importante pelos detalhes não explícitos da crise nos bastidores, do que a simples análise do Diário Oficial. Ele não será o único a ser exposto ou a sofrer grande desgaste até a campanha.

Objetivos

Enquanto a direita acreana se engalfinha em lutas internas, quebrando de vez a imagem de unidade, a esquerda regional e nacional traça sua estratégia em sentido oposto. Como o presidente Lula expôs, além da Presidência, “a mãe de todas as batalhas” vai acontecer no senado, não nos governos estaduais.

Renovação

Serão dois terços do senado renovado no próximo ano. Dois senadores por unidade da federação. Ou a esquerda consegue bons resultados, melhores que em 2022 ou será dizimada. No Acre, as vagas estão hoje com Márcio Bittar e Sérgio Petecão. Dessas duas vagas, parece não haver dúvida de que uma será do governador Gladson Cameli, sendo improvável circunstâncias que o deixem fora da disputa. A outra vaga será o alvo de todos.

Articulação

A disputa pela segunda vaga está em ebulição. Márcio Bittar afia as estratégias e trabalha nos bastidores para minar Alan Rick, cujo projeto de disputar o governo não contribuiria para sua reeleição. Enquanto isso, a esquerda vasculha nomes que unam competitividade, frescor e uma nova forma de se conectar ao eleitor. O jogo está aberto — e os lances prometem ser intensos.

*Socorro Camelo é jornalista e escreve neste espaço as segundas, quartas e sexta-feira.  Qualquer contato pode ser feito por e-mail para [email protected]

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CinthyaHá 1 mês brasiliaExcelente matéria sobre o cerrado. Vinhos que surpreendem! Estive recentemente na região e é realmente incrível perceber que não precisamos viajar longe para saborear bons vinhos. E Socorro Camelo, como sempre, escreve muito bem e coloca sensibilidade em tudo que faz.
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