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Entre Trilhas e Aprendizados: O Caminho para o Amor Verdadeiro

Ao olhar para trás, percebo que nosso amor não era perfeito, mas era real

09/01/2025 às 08h26 Atualizada em 17/01/2025 às 12h22
Por: Denis Henrique Fonte: Acreaovivo.com
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Entre Trilhas e Aprendizados: O Caminho para o Amor Verdadeiro

Por Aline Pereira

Neste capítulo, compartilho os desafios e aprendizados do início da vida adulta, marcada pela rotina intensa de estudos e responsabilidades acadêmicas. Enquanto eu me adaptava às exigências da universidade, Victor equilibrava trabalho, faculdade e sua paixão por motocicletas. Narrando momentos de aventura e convivência com o motoclube que ele criou, reflito sobre os altos e baixos do nosso relacionamento, as crises causadas por minhas inseguranças e a busca dele por liberdade. Foi nesse período que comecei a entender o verdadeiro significado do amor, aprendendo a respeitar a individualidade do outro e a construir um vínculo baseado em cumplicidade e maturidade.

Após atingir a maioridade, além de mudar a cor do meu cabelo, assumi com seriedade minhas responsabilidades acadêmicas. Demorei cerca de um ano para me adaptar à nova rotina exaustiva de estudar o dia inteiro e enfrentar três horas diárias de ônibus para ir e voltar de casa. Enquanto isso, Victor trabalhava durante o dia e cursava faculdade à noite. Mesmo com todas essas novas responsabilidades, continuávamos a sair, acompanhar os ciclos da vida de nossos amigos — casamentos, noivados, términos — e manter nosso relacionamento, que, como qualquer outro, também enfrentava desafios e pequenos conflitos.

Naquela época, Victor vendeu sua DT-180 e comprou uma Yamaha XT-600, uma moto mais potente, que se tornou mais um símbolo de sua paixão por motocicletas. Ele nunca se fixou em um motoclube específico, exceto no que ele mesmo criou — o Perdidão Moto Enduro —, ao lado de seus melhores amigos, que compartilhavam os mesmos gostos, aventuras e diversões. Juntos, exploravam cachoeiras, faziam trilhas e viajavam de moto para lugares como a Chapada dos Veadeiros e Pirenópolis. Sempre que possível, ele me incluía nesses passeios, mas as provas, trabalhos, estágios e demandas acadêmicas exigiam minha atenção e total comprometimento.

Ainda assim, aproveitamos momentos únicos. Fizemos viagens juntos, visitamos cachoeiras e participamos de eventos motociclísticos ao lado de seus amigos, cercados pela natureza e pela energia das aventuras que tanto amávamos. No final de 2010, Victor foi ao meu encontro em Ceres, uma cidade em Goiás onde eu fiquei por 15 dias em um “mini-internato”. Ele percorreu a estrada Belém-Brasília, conhecida por ser perigosa, pilotando sua XT-600 e enfrentando longas horas de viagem. Esse gesto, ao mesmo tempo, me preocupou e me encheu de admiração. Foi uma atitude tão aventureira e romântica que, até hoje, lembro da emoção ao vê-lo chegar. Esse episódio traduzia perfeitamente quem ele era: destemido, apaixonado e sempre pronto para transformar um simples encontro em uma memória inesquecível.

Reflexões iniciais sobre o amor

Nosso relacionamento passou por crises. Eu, ainda imatura, me descobri possessiva e ciumenta em alguns momentos, especialmente diante das mudanças e do tempo que Victor dedicava ao motoclube e aos amigos. Por outro lado, ele buscava preservar sua liberdade e sua identidade, valores que considerava essenciais. Essas diferenças geraram conflitos e momentos de altos e baixos, mas também nos ensinaram lições valiosas.

Foi nesse período que comecei a aprender o que é o amor verdadeiro e maduro. Com Victor, entendi que amar não significa anular a identidade do outro, mas permitir que ela floresça. Aprendi que, em um relacionamento, não precisamos nos perder para estar com alguém e que a liberdade é uma parte essencial do amor. Precisei lidar com minhas próprias infantilidades, com meu desejo de controle e com minha obsessividade, enquanto ele também enfrentava seus desafios pessoais.

Ao olhar para trás, percebo que nosso amor não era perfeito, mas era real. Foi nesse processo que compreendi que o amor verdadeiro é construído com imperfeições, aprendizado e respeito mútuo. Victor me mostrou que amar é aceitar o outro como ele é, sem tentar moldá-lo ou aprisioná-lo. E foi essa liberdade, aliada ao carinho, à cumplicidade e à paciência, que tornou nosso relacionamento tão especial.

Um corte para o momento presente

Diário de Bordo – Reflexões sobre o Legado

Hoje me perguntei: quais escolhas me trarão orgulho no fim da vida? O que quero deixar para os meus filhos como marcas do amor que construí com eles? Pensar nisso me fez perceber que a vida é um lapso, um sopro breve, e cabe a mim torná-la significativa.

Não quero viver apenas para existir. Quero viver para me orgulhar de quem sou, das escolhas que faço e do impacto que deixo nas pessoas que amo. Quando penso na minha partida, desejo olhar para trás e sentir que vivi com verdade, que fui autêntica em minhas ações e fiel ao que acredito.

Sei que os marcos mais valiosos que posso deixar para os meus filhos não estão em bens materiais ou grandes feitos externos, mas no que cultivo dentro deles. Quero que levem de mim a coragem para enfrentar os dias difíceis, a leveza para encontrar alegria no simples e a certeza de que o amor sempre estará aqui, inabalável, mesmo quando eu não estiver mais.

Quero que lembrem do sorriso nos nossos momentos juntos, das conversas ao entardecer, das lições de vida compartilhadas. Quero que saibam que busquei crescer, que enfrentei meus medos e transformei as dores em força. Porque é isso que quero que eles aprendam: que a vida não é fácil, mas é profundamente bela quando vivida com propósito e amor.

Hoje, comprometo-me a fazer escolhas que ressoem com meu coração, que me aproximem de uma vida da qual possa me orgulhar e que construam pontes de amor e memória nos corações dos meus filhos. Este é o legado que desejo.

Aline Pereira é escritora em construção, mãe, e uma apaixonada por transformar o amor e o luto em poesia. Atualmente, compartilha as memórias de seu relacionamento de 20 anos e seu processo de reencontro consigo mesma.

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Sobre Aline Pereira é escritora em construção, mãe, e uma apaixonada por transformar o amor e o luto em poesia. Atualmente, compartilha as memórias de seu relacionamento de 20 anos e seu processo de reencontro consigo mesma
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