TIME TO RACE | Pão doce na calçada

Por Marcelo Moreira

Para alegria dos meus 11 leitores - composto pelos poucos amigos fiéis e familiares que são coagidos a ler minha coluna - a resenha na padaria de seu Manoel, voltou. Depois de uma longa reforma, a Paraiso do Algarve foi reinaugurada ao melhor estilo "Seu Manoel", com distribuição gratuita de pão doce e cafezinho, até na calçada.

Com isso, pude encontrar amigos que não via a algum tempo. Filé de Borboleta, para quem não lembra, é o motoboy da comunidade vizinha aqui de casa. É Filé de Borboleta por ser extremamente magro e desprovido totalmente de qualquer beleza estética. Durante a reforma da padoca, foi com o Portuga para Portimão, cidade Natal de Seu Manoel. O magrelo acabou não se adaptando por lá e preferiu voltar a morar no Rio. Segundo Filé:

- Oh tio, no início foi legal por lá, todo mundo tem moto importada, tá ligado. Mas, bateu aquela saudade de subir e descer o morro com a minha Frankstein (moto-montagem com peças multimarcas sem procedência comprovada), de ir no baile de favela...deu ruin, tá ligado", lamentou Filé.  

Continuei insistindo em saber sobre sua estadia em Portugual, o que definitivamente não foi uma boa idéia:
- Da hora "mermo" foi conhecer aquele turco da "BM". Feio igual a mim, mas acelera bonito, tá ligado, continuou Filé:
- Como é "mermo" o nome dele... Tô Craque Em Rasga Teu C...
- Que isso Filé, que maldade... O nome dele é dificil de pronunciar porque tem  a silaba "tli"que a gente não usa em nossa lingua. Toprak Razgatlioglu, lidera o Mundial de Superbike, barbarizando a concorrência.

Outro grande reencontro foi com Jorge Borracha, dono da borracharia na esquina aqui de casa. Borracha, só para deixar claro, mede 2 metros de altura por 3 de largura, cara de mau, mas um coração de criança. Quer provocar ele?
Só chamar o "The Doctor" de enfermeiro.
Quer agradar Borracha?
Só chamar Marc Marquez de Marquesa.

Para deixar bem claro aqui, essa rixa VR46/MM93, no meu entender, não existe mais e os dois pilotos foram e são ícones do esporte, talentosos e acima da média nas pistas, ponto.  As preferências, é natural que existam, o ódio não.

No reencontro, Borracha não perdeu tempo e foi logo reclamar da Fórmula 1:
- Meu caro jornalista, você deveria voltar a escrever sobre F1, agora virou corrida de pneus. 
- Marcelinho,  continuou, quando o reporter narra que o piloto tem que cuidar dos pneus, pra não acabar com eles logo, fico pensando que propaganda é essa...
Pneu que não dura, imagina comprar um pneu pra dar duas voltas rápidas no quarteirão aqui do bairro. Que tecnologia é essa que o fabricante esta desenvolvendo. Só se for para fazer chiclete...
Moreirinha, pneu não é criança pra gente cuidar. Situação ridícula onde chegamos, quero ver os pilotos acelerarem ao limite do carro e não dos pneus. Quero ver ultrapassagem na pista, como sempre foi. Agora tem até nome para ultrapassagem nos boxes, trocando pneu: undercut.
- Aí, Borracha, gastando no inglês, interrompi.
- Falo isso, porque sou especialista no assunto. Profetizou Borracha, com aquele ar de superioridade.

Não podia deixar de agradecer o retorno de Seu Manoel, responsável em juntar os amigos, novamente, no balcão da padaria, para aquela resenha nas segundas de manhã.
- Os gajos pensam que estão a "conversaire", foda-se!
- Mas ele vai publicar tudo naquela coluna. Usa nossas opiniões porque não tem opinião própria, se não fôsemos nós, o cajo não teria nada pra "escreveire", ô pá!
Faz sentido.