Por Socorro Camelo*
Em um apartamento perdido na cidade, alguém acordou sonhando mergulhar no mar e ouvir palavras sussurradas dizendo: "estava trabalhando, mas voltei só para estar contigo". E a partir daí, engatar conversas sobre tudo e nada, sobre o futuro do presente, conversar sobre assuntos aparentemente desconexos como sorvete de baunilha, aurora boreal, mar, viagens, o som do Alabama Shakes (preciso te mostrar essa banda, acho que você vai gostar…ou não. Já nem sei), e sobre dar uma escapada até a feirinha aqui perto para matar a saudade da comida do Acre.
Ah, o coração! Quem pode medir o tempo até ele decidir abrir de novo aquela lojinha de inspirações no cantinho mais escondido da alma? E vamos combinar, tudo bem se demorar um pouco. O recado já foi dado pelo dono de tudo, mestre Chico Buarque: "Não se afobe não, que nada é pra já. O amor não tem pressa, ele pode esperar". E quem sou eu para discutir com Chico?
Seguimos então, com a alegria de quem não tem medo de se molhar na chuva, mas também deseja sentir prazer ao pisar na areia, sente falta de conversas na calçada e que muitas vezes tem um sorriso cansado.
Mas hoje é domingo e como boa brasileira, sou feita de fé. Fé em gente, no sol entrando pela varanda, e que sempre cabe mais alguém na mesa. Dancar na sala, ouvir música e ver filmes impedem enlouquecimento. Creio na amizade, na bondade, no que diz o olho de quem ama, em água salgada: lágrima, suor e mar.
E acredito que esse entardecer lindo que vejo agora, que parece uma obra de arte, tem as digitais daquele famoso e lindo ativista dos direitos humanos, apreciador de festas com vinho, respeitador de escolhas, o gigante Jesus Cristo.
Então, decido encher o ambiente com flores da feira, transformar falta em textos, escrever cartas que talvez nunca sejam enviadas e seguir nutrindo desejos que estão longe de ser apenas utopias.
Porque veja bem, o mundo está repleto de pequenos bilhetes de amor, se a gente souber onde olhar: nas mangueiras pelo caminho, no sorriso radiante e lindo da Jana, na dedicação sem limites da minha Mari com seus livros de medicina veterinária, na amizade da Didi, sem esquecer das travessuras da pequena Lassie.
Então, imagino uma orquestra tocando samba em um pôr do sol na praia, com Diogo Nogueira cantarolando nessa fresta de domingo : “Era só isso que eu queria da vida, uma cerveja, uma ilusão atrevida."
Um domingo com chuva de estrelas nos nossos sonhos!
Boa semana!
Socorro Camelo* é jornalista ( 065- DRT/AC)
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