Por Giselle Moraes
Quem é A senhora?
A senhora está pronta para o que estar por vir?
Fiz algumas pesquisas no nosso amigo Google e escolhi uma das primeiras, transcrita aqui, na íntegra do Dicionário online, que nos fala sobre o conceito da palavra senhora:
“Tratamento cortês, dispensado a uma mulher casada e, em geral, a qualquer mulher de certa condição social, com alguma idade ou idosa. ”
Mas, achei interessante demais essa informação: Quando dizer senhora?
“No Brasil, Senhora é o pronome de tratamento formal para mulheres casadas ou mais velhas. Uma jovem de 19 anos, casada, deverá ser tratada por senhora. Já as solteiras devem ser tratadas por senhorita. ”
Conceituado, refaço a pergunta?
Quem é A senhora?
E este A maiúsculo está aqui de forma bem clara, objetivando colocar como substantivo próprio, uma personalidade. O ser que habita as mulheres, depois de determinada fase da vida, e segundo o nosso português, casou se torna senhora. E aqui abro um parêntese, minha avó paterna casou aos 13 anos de idade, então uma senhora adolescente ou seria adolescente senhora? Como diria nossas avós é uma questão de educação e respeito. Concordo! Porém...
A senhora está pronta para o que estar por vir?
Controversa a reflexão, pelo menos nesta nova geração, sinto que a expressão permeia o espaço da boa educação e dos bons valores da sociedade, mas temos que considerar o impacto que traz às mulheres, e vejo muitas de nós incomodadas com esta situação, e falamos assim: “pode me chamar pelo nome, por favor! ”. De alguma forma isto nos tira da zona de conforto e não refletimos no conceito dos dicionários, sentimos o peso de uma trajetória. Mas, será que precisa ter peso?! Ou melhor vamos retirar o peso?
Sempre achei que não me incomodaria, afinal os amigos dos meus filhos me chamam de tia faz tanto tempo, sempre fui: sim senhora Mãe, sim senhora Tia. E isto, já cabia no formato mulher que me veste. E não é que fui pega pelo acaso, incomodada pelo pronome, bem tímido e inquieto. Me dei conta que, em algumas bocas, o tal não descia aos meus ouvidos, e passou da educação para o mal-acabado sentimento de “será que essa criatura está me achando velha? ”.
Felizmente o conceito me salva, novamente, e diz do tratamento dado a “qualquer mulher de certa condição social, com alguma idade ou idosa”, pronto. Não! De novo, não. Certa condição social? O que isso quer dizer? Outro parêntese, é o estado em que a mulher se encontra na sociedade, então aqui entram todas nós mulheres? Mas, e a palavra “certa”? O dicionário diz: “certa condição social”. Pobre, ricas, brancas, amarelas, pretas, lésbicas, prostitutas, amantes????
Sem respostas, para o momento, me vejo, então presa no “com alguma idade”, pois senhora casada, também não me cabe. Representada, por exclusão, compreendo o termo senhora para aqueles que me nomeiam, como um tratamento cortês, diria eu, de respeito devido a classificação do alguma idade. Afinal, não estou inspirada para discutir, neste texto, a terminologia idosa.
E descobri, apesar de toda a energia feminina, pontuada na jornada dos meus 50+, todos os dias estamos aprendendo e repaginando conceitos. Sim, a idade acontece, envelhecemos desde o nascimento. Faz parte de nosso sistema biológico, é um movimento orgânico. Lógico, vivemos uma revolução, o mundo evoluiu e a ciência nos traz inúmeros caminhos para a sonhada longevidade e com isto as possibilidades se multiplicam e os conceitos mudam dentro de nós, mesmo que permaneçam nos dicionários formais.
Assim, A senhora que me veste, também tem o lado senhorita, ou talvez quem sabe o lado gostoso de menina, com a sua meiguice e inocência. E aquele vulcão da maturidade, abalando nossas certezas e alicerçando nossas verdades. Isso mesmo, somos o misto desta dualidade. E em todos estes dias, refletindo como devo reagir diante da senhora em mim, vejo o quanto de energia sem propósito. Dito isto, deixo o momento acontecer.
Moça, senhorita, senhora ou rapariga. Parece música sertaneja, que seja.
O certo é que, algumas vezes o pronome não me representa, pelo sentir do momento. Aceito o tal chamado, reajo de acordo, com o que me faz bem. E sim, retiro o peso, afinal tudo faz parte de uma jornada. E, se isto, também em alguns momentos incomoda é uma questão de escolha e mudança de rota, ressignificar o tempo em nós é viver o agora em toda a sua plenitude.
A senhora está pronta para o que estar por vir?
A resposta desabrocha em mim, nasci pronta!
Mín. 21° Máx. 31°