Por Giselle Moraes
Nasci em dezembro, então me adaptei ao mundo, na lógica do Natal, na sessão da tarde recheada de filmes sobre Jesus, na espera mágica do papai Noel e na sensação nostálgica que as festas do fim de ano proporcionam ao mundo. Bem, pelo menos, esta é a minha expectativa.
Talvez, seja eu, uma sortuda, por trazer em mim, a alegria de uma nova oportunidade, afinal é disso que dezembro nos fala, de novos caminhos, de renascimento e de esperança. Me pergunto, se todos os “dezembrinos”, como eu, carregam em si este legado. Ou se isto, é coisa da minha cabeça criativa e imaginária.
De fato, o período das luzes brilhantes me fascina, e o que vem logo após completa todo o cenário, o ano novo. Vou repetir “Ano Novo”, é aquilo que marca em nosso calendário ocidental a despedida de um ano e a chegada de outro ano novinho em folha. Isso! Quanta expectativa!
E, sendo fiel, às minhas lembranças de infância. Guardamos e preservamos as tradições, na minha família nosso legado é o aguardado amigo secreto, sempre recheado de emoções. Venho de uma família grande, muitos tios, primos, uma confusão para combinar a festa. A paciência de uma tia que fazia questão de organizar a brincadeira e a ceia, e como toda família que se preza, sempre tinha briga, risadas, choro e alegrias. Completando o cenário, o imperdível show do Rei Roberto Carlos, já fazia parte da rotina na agenda de dezembro.
Na expectativa vai acontecendo a realidade e a família, também, foi se transformando. As crianças cresceram, o formato se modificando e a vida seguindo seu plano. O natal chega todo dezembro e as mudanças ocorrem com muita sutileza. E para mim, uma “dezembrina” de carteirinha, filha de outro “dezembrino”, mesmo com novos formatos, a festa sempre acontecia.
Os anos passam, o tal do ano novo, é certeiro. Ele não para, segue seu percurso, sem vacilo ou hesitações. E de repente, tantas coisas se modificam, um dia eu era a criança na espera do Noel e hoje, sou a mãe buscando transmitir toda a magia do natal aos meus filhos.
Na verdade, aquela família numerosa, da minha infância, diminuiu, seguimos novos caminhos e assim é a vida. O meu “dezembrino” preferido, partiu deste plano, e o Natal sofreu um pequeno abalo, no meu mundo de luzes coloridas. Mas, a esperança que nasce no meu coração, em dezembro, me fortalece e o verbo esperançar entra em ritmo de “bate o sino pequenino, sino de Belém”.
E, algo aciona e impulsiona meus desejos e sonhos, e sim, preservo a tradição de nosso amigo secreto, eu e meus irmãos sempre estamos juntos com nossa mãe e filhos, mesmo que seja no mundo virtual de uma chamada de vídeo, que pode durar muitos minutos. E todos participam da alegre troca de presentes, a nossa mais valorosa demonstração de amor, afeto e gratidão pela vida.
Se você leu até aqui, talvez este texto, pareça uma narrativa dos natais da minha família, mas na realidade é uma narrativa de tradições, de símbolos, e de esperança. É um pouco de cada um, é sobre quem nasceu em dezembro, e também sobre quem veio ao mundo em janeiro ou qualquer outro mês. Um convite ao inédito percurso de nossas vidas.
Enquanto criança somos inteiramente preenchidos por esta perspectiva de milagres e presentes que aventuram nosso imaginário. Hoje, compreendo o quanto é restrito este sonho de infância. E os efeitos que perduram em nossas vidas, temos para todos os gostos; pessoas que amam o natal, odeiam o natal, ignoram o natal ou não conseguem identificar a emoção cristalizada, em algum momento da caminhada.
Parece simples, sendo complexo. E mais misteriosa, ainda, é a virada do ano novo. Tantas expectativas, ora se realizam, ora se frustram. Criamos planos, acreditamos nas superstições, vestimos cores que nem gostamos, comemos a tal da lentilha e tem quem insista em colocar uva passas em tudo, até na farofa.
Acreditamos, de verdade, que tudo vai ser diferente. As listas de promessas para o novo ano são tão lindas e fogem tanto da realidade, que algumas pessoas nem criam mais expectativas. Mas, elas existem, e o badalar da meia noite contagia a todos, e os olhares se cruzam, o amor acontece e um encanto que dispensa qualquer vã explicação filosófica se faz presente. Como cenário de um filme romântico, daqueles bem cheios de lágrimas, dos mais céticos aos mais entusiasmados, o click acontece.
Dezembrinos ou não, somos retratos da data, e feliz aquele que, assim como eu, acredita que para um mundo melhor, não basta somente a expectativa, temos que viver a nossa realidade. E no final, é o que temos, o nosso agora é construção. E você está preparado para esta obra prima? E só posso terminar esta reflexão, com a frase que nos enche de amorosidade: Feliz Ano Novo!
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