Por Giselle Moraes
A mulher que vejo na imagem do espelho.
Sorriso aberto, olhos confiantes e expressão de desejos.
Esta, jovem senhora, sou eu?
Recordo, como se fosse ontem, a morosidade que vivi para chegar aos 15 anos, os dias se arrastavam, e eu nunca ficava mais velha. Costumava ser a novinha nos grupos, com cara de quase adulta. Quando perguntavam a minha idade, eu falava e escutava como resposta: nossa, parece mais velha. Isto me tornava uma garota mais descolada, avançada, enfim fazia parte do meu jeito de ser.
Hoje, as perguntas continuam, pois estas nunca acabam, e agora escuto: nossa, 50 anos? Nem parece, você é tão jovem. Quando cheguei nesta marca, de meio século, até me sentia empoderada, em parecer mais jovem, agora já tenho as minhas dúvidas, se as pessoas não falam isso, somente para valorizar a elas mesmas. Gentilmente educadas e perpassando, ás vezes o caminho da surpresa irônica. Algumas mulheres entenderão este ponto de vista.
O certo é que momentos passam, anos se completam e a vida segue um fluxo. Então, voltando a imagem refletida no espelho, de fato admiro a mulher que me sorri, ela tem marcas do que viveu, como uma obra de arte, desenhadas por vivências de sonhos de menina e desejos de mulher. Acredito, de fato, que o tempo foi amigo fiel no passar da jornada e ainda permanece guiando a vaidade, a beleza, a alegria e a vontade enorme que sempre senti de viver e me entregar ao acaso do dia.
Entendendo o estereótipo da maturidade, compreendo que o mundo mudou e o ciclo da vida vem sofrendo alterações a cada nova década, nossa condição de vida é muito mais preservada e por assim dizer, uma nova geração se apresenta, as jovens senhoras dos 50+.
Apaixonada por esta perspectiva de uma nova identidade, no entanto, temos que estabelecer uma relação de amigas, com nosso corpo, mente e persona integrada ao mundo. Chega de tantas cobranças estereotipadas e cansativas regras que ditam como devemos envelhecer!
Acredito nos princípios básicos, aprendemos desde cedo, ou pelo menos deveríamos ter aprendido, a ter e viver uma vida segura, saudável e acolhedora. Fujo do envelhecimento acompanhado da loucura manifesta em “parecer” mais jovem. Do que vale viver os anos se não posso me aproveitar de tudo que eles me presentearam?
Cuidado com o cuidado disfarçado de medo! Medo de parecer velha, o que significa? Cabelos brancos? Sim, eu os tenho desde os 20 e poucos anos, marca genética, eles não me incomodam, no entanto, hoje, prefiro o vermelho que o ruivo traz para minha pele.
Marcas de expressão, rugas, pele flácida e outras coisinhas. Dar um susto, de repente 50, e está ali tudo estampado no rosto e no corpo. Tenho direito de dar uns retoques, apoio a beleza e a vaidade, desde que isto não seja escravidão.
Recentemente escutei um comentário sobre as senhoras de 50, de décadas atrás, se apresentavam com vestidos comportados, cabelos bem penteados, de preferência mais curtos, pois cabelos longos é para jovens, projeto de mães e avós, assim se criava o perfil da mulher madura e de família. Hoje a geração das 50+ põe as pernocas para jogo, belíssimas na roupa que lhe vestir a personalidade, cabelos ao vento e estão a todo vapor fazendo planos para novas descobertas.
Alguma coisa errada nestes dois modelos? Tudo uma questão de escolha. E não há nada de errado em ser mulher, mãe e avó. Vida que segue seu traçado, a nova roupagem nos qualifica a sermos mais e mais empoderada, diante de caminhos e projetos. Então, quando vejo o que já percorri, nasce um sorriso suave de gratidão. E ao me dar conta dos anos que ainda estão por vir, desabrocha aquela gargalhada vinda da alma.
E assim, visualizo meus 50+ como uma nova aventura, vamos juntas?!
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