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Guardei, só não lembro onde! Por Talita Montysuma

O texto freudiano irá discorrer sobre o que foi esquecido para encobrir como forma de defesa psíquica um desejo que julgamos não podermos realizar.

08/10/2023 às 19h16 Atualizada em 08/10/2023 às 19h24
Por: Redação Fonte: Redação
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Guardei, só não lembro onde! Por Talita Montysuma

Por Talita Montysuma 

Recentemente em fui provocada pelo Anderson – um amigo desses que não se encontra por aí facilmente e que você vai levar para a vida toda – a pensar sobre uma música que ele escuta ao passar em um local onde havia pregações de paraíso, essa música falava de esquecer o passado e, pensando nisso, ele traz para roda o texto de Freud de 1901 “Sobre a psicopatologia da vida cotidiana”.

Em resumo, o texto freudiano irá discorrer, na verdade, sobre o que foi esquecido para encobrir como forma de defesa psíquica um desejo que julgamos não podermos realizar. Sim, nosso aparelho psíquico – acho assim, pois não estou falando da fisiologia do cérebro, mas o que a gente chama de pensamento – faz pegadinhas para que a gente possa lidar com algumas situações, o que Freud chamará de recalcado.

Então, ao longo do discurso e narrativa da vida, vamos esquecendo coisas que não queríamos para tentar esquecer coisas que gostaríamos de esquecer. Isso pode ocorrer como um equívoco linguístico de nomeação e isso acontece desde o nome próprio a outra qualquer nomeação.

O que Freud diz é que tudo que escapa na forma de esquecimento durante nossos afazeres pode ter relação a alguma coisa dentro da construção metafórica e metonímica do pensamento e encobre algo que o sujeito “precisa” esquecer.

Ultimamente dentro da minha análise fico pensando, o que mais tenho escondido de mim que preciso resolver? Porque é isso. Quando a gente esconde, a gente não esconde pro outro, mas para si mesmo – eu não estou falando de coisas simples, mas de algo realmente difícil de lidar.

Mas infelizmente, como diria uma passagem bíblica de Marcos 4:22, “Pois nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia”. O que queremos esquecer uma hora será revelado, como? Por meio de um estado depressivo, ansiedade, dores de cabeça, dor no corpo, fobias e todas as formas de manifestação que hoje a medicina moderna chama de transtorno, doenças, medicamentos e etc.

O sofrimento vem porque operamos pela lógica da culpa, e o que resta a um culpado que não seja a condenação? Mas se talvez a gente começasse a operar pela lógica da responsabilidade “errei e o que posso fazer para resolver?” acredito que em muitas situações o que é possível fazer é reduzir danos quando não conseguimos resolver ou fazer uma reparação, mas penso que o mais importante de tudo isso é não ter vergonha da sua história e isso exige que pensemos de forma crítica nas nossas atitudes, admitir nossas responsabilidades diante da desordem e sofrimentos entre as partes, pensar nos ensinamentos que essa experiência nos proporcionaram e seguir em frente, como diz a Dory, a peixinha que tinha perda de memória, mas lembrava do que era realmente importante, que é o carinho e apoio das pessoas que nos amam (e isso é rotativo em algumas situações), continue a nadar.

   

 

 

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Sobre Psicóloga, especialista em Clínica Psicanalítica.
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