Por Marcelo Moreira
Minha mulher, a Zel, costuma dizer que sou "Maricotinha", fazendo referência a pessoa fofoqueira, o que tenho certeza que não sou. Apenas quero saber de tudo que passa, como passa, onde e quando. Sou jornalista curioso mesmo, fofoqueiro é intriga. É obvio que tem mentiroso, incompetente, mau caráter, mas não é só na imprensa. Pilotando, por exemplo, conheci alguns desonestos, são poucos, admito, mas quando resolvem burlar, é cada uma que aparece.
No Polpebra, um dos rallys cross country mais osso duro, se não, o mais difícil que já trabalhei, passava por Bolívia, Peru e Brasil. Rally só para as motos, selva amazônica adentro. A imprensa viajava de carro 4x4, fora das "especiais" - trajeto por onde passam os competidores -, indo pelas estradas principais, e com isso, chegava mais rápido que os competidores que davam voltas antes de atingir o ponto de chegada. Durante a competição, em trajeto que iniciava no Brasil e fechava numa cidade vizinha, mas já em território boliviano, estava em caminhonete com caçamba e pouco depois de entrar na estrada, rumo a Bolívia, um piloto e sua moto, parado no acostamento, nos pediu auxílio, uma carona. O que me surpreendeu, foi quando, a poucos kms do fim, o piloto, na caçamba com sua moto, bateu no teto, pedindo pra descer, com a moto. Feito, o piloto andou um pouco, entrou numa trilha e sumiu. Resumindo, o piloto, pegou carona com a gente. Conhecedor do local, cortou caminho chegando em primeiro na etapa. Foi saudado pelo povo que aguardava os competidores. Tudo explicado, o cara de pau foi desclassificado!
Quer mais?
Tem uma boa em autódromo. Primeiro dia de treinos livres, piloto, que andava afastado das corridas, retornou e logo na primeira volta, virou o tempo que seria recorde da pista ou muito perto disso, de qualquer forma o que chamou a minha atenção, além de ser a melhor volta da vida do piloto, foi bater esse recorde logo na primeira volta. No intervalo para almoço, ainda na sexta, passei em frente aos boxes do "recordista", e sem perguntar nada, foi logo dizendo que se perdeu no setup da moto e não achava mais as regulagens da volta fantástica que tinha "arrumado". Quando fui de novo pra dentro do circuito, fotografar, indo pela pista de serviço, notei que no desvio asfaltado - uma pista que corta caminho dentro do circuito para eventual atendimento ou socorro, chegar mais rápido - não tinha fiscais nas guaritas com visão do desvio, ou seja, o esperto piloto percebeu que poderia cortar caminho sem ser visto. Obvio que os organizadores perceberam a manobra e puniram o piloto, anulando o tempo "recorde" alcançado.
Essas são algumas histórias com os "artistas" do motociclismo, os nomes, se eu revelar, aí sim, vira fofoca. Sai pra lá Maricotinha!
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